ONU denuncia 'total impunidade' em Belarus para reprimir opositores
A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos alerta a falta de justiça na região
Os direitos de dezenas de milhares de pessoas em Belarus foram violados como resultado da "contínua repressão" dos opositores com total impunidade, afirmou a ONU em um relatório divulgado nesta quarta-feira.
O estudo da situação em Belarus "não demonstra apenas as violações infligidas às pessoas que tentam exercer os seus direitos humanos básicos, mas também destaca a incapacidade das vítimas para ter acesso à justiça", disse a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, ao apresentar o relatório.
"As ações generalizadas e sustentadas tomadas pelas autoridades para reprimir a dissidência e reprimir a sociedade civil, os meios de comunicação independentes e os grupos da oposição, ao mesmo tempo que protegem os autores de tais atos, demonstram uma situação de total impunidade em Belarus", acrescentou.
O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, obteve o sexto mandato nas eleições de agosto de 2020, consideradas fraudulentas pela comunidade internacional e a oposição bielorrussa.
Desde então, o governo exerce uma repressão cada vez maior contra qualquer forma de oposição política e de crítica da sociedade civil.
O relatório envolve o período anterior às eleições de 9 de agosto de 2020, assim como o período pós-eleitoral até 31 de dezembro de 2021.
O documento é baseado em 145 entrevistas, assim como em análises de uma "ampla gama de informações e evidências".
O relatório mostra que, entre maio de 2020 e maio de 2021, ao menos 37.000 pessoas foram detidas, muitas delas em regime de detenção administrativa durante o período máximo de 15 dias.