Rússia

Rússia dá ultimato de cinco dias e anuncia que vai encampar multinacionais que abandonaram o país

Ministério da Economia diz que governo vai assumir o controle de empresas que tenham mais de 25% de participação estrangeira

O presidente russo, Vladimir Putin - Mikhail Klimentyev / SPUTNIK / AFP

O governo da Rússia vai tomar o controle e até nacionalizar multinacionais que estão deixando o país devido à invasão da Ucrânia, enquanto planeja medidas para persuadir outras empresas a ficarem.

Na primeira resposta explícita ao êxodo de multinacionais, como Ikea e a rede de fast-food McDonald's, o Ministério da Economia delineou novas políticas para assumir o controle temporário de companhias que estão saindo do país que tenham mais de 25% de participação estrangeira.

De acordo com as propostas, um tribunal de Moscou analisaria pedidos de membros do conselho e outros para trazer gerentes externos. O tribunal poderia então congelar ações de empresas estrangeiras como parte de um esforço para preservar propriedades e funcionários.

A gestão externa poderia incluir o banco estatal de desenvolvimento VEB.RF, de acordo com um comunicado do ministério da Economia.

“O governo russo já está trabalhando em medidas que incluem falência e nacionalização da propriedade” de empresas estrangeiras forçadas a sair do país, disse o ex-presidente russo Dmitry Medvedev em comunicado publicado na quinta-feira no site de mídia social VKontakte.

A lista de marcas globais que estão abandonando a Rússia está crescendo a cada dia, à medida que algumas das maiores corporações do mundo, de energia a bens de consumo e eletrônicos, suspendem as operações no país.

Embora as sanções e os controles de capital estejam dificultando a realização de negócios, as empresas também estão preocupadas com uma possível reação negativa caso continuem no país e sejam vistas como apoiadoras da invasão da Ucrânia pelo presidente Vladimir Putin.

O Ministério da Economia sugeriu que suas medidas seriam mais voltadas para o leilão de ativos do que para a nacionalização. “O projeto visa incentivar as organizações sob controle estrangeiro a não abandonar suas atividades no território da Federação Russa”, afirmou.

Renault, Citigroup

Algumas grandes empresas estrangeiras ainda não sinalizaram suas intenções. A Renault, empresa francesa que detém o controle majoritário da AvtoVaz, permaneceu quieta. A Danone suspendeu os investimentos na Rússia, mas disse que manterá sua produção e distribuição por lá.

Enquanto isso, o Citigroup, que tem cerca de US$ 9,8 bilhões em empréstimos, ativos e outras exposições vinculadas à Rússia, viu estagnar os esforços para vender sua unidade de banco de consumo local. A mesa de negociação de commodities do banco também foi uma das poucas a continuar financiando os negócios existentes envolvendo gás natural vindo da Rússia.

A Rússia prometeu retaliar as sanções impostas pelos EUA e outros países, mas sua resposta até agora foi limitada. Como parte das medidas tomadas para conter a fuga de capitais, as autoridades impuseram uma proibição temporária de certas transações de câmbio e pagamentos a não residentes de nações que aderiram às penalidades internacionais.

Putin também emitiu uma ordem no início desta semana dizendo que a Rússia restringiria o comércio de alguns bens e matérias-primas em resposta a sanções, e que seguiriam detalhes sobre quais produtos seriam afetados.

Qualquer movimento para assumir empresas estrangeiras corre o risco de um impasse ainda maior. A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse na quarta-feira (9) que “seriam tomadas medidas” se a Rússia confiscasse ativos privados em empresas que planejam recuar e sair do país.