Direitos Humanos

Sudão do Sul sofrerá em 2022 'sua pior crise alimentar'

Desde sua independência do Sudão em 2011, o país mais jovem do mundo está atolado em uma crise econômica e política crônica

Aldeões deslocados e seus pertences são vistos ao longo de uma estrada após serem evacuados das águas inundadas em Juba, Sudão do Sul, em 28 de setembro de 2021. Milhares de moradores continuam a ser deslocados no Sudão do Sul devido ao aumento dos níveis - Peter Louis Gume / AFP

Mais de 70% da população enfrentará níveis extremos de fome este ano no Sudão do Sul, um país atormentado por conflitos, calamidades climáticas e inflação, que experimentará "sua pior crise alimentar", alertou nesta sexta-feira (11) o Programa Alimentar Global (PAM).

"À medida que a atenção global se volta para a Ucrânia, há uma emergência alimentar no Sudão do Sul com cerca de 8,3 milhões de pessoas, incluindo refugiados" em risco de passar fome nos próximos meses", disse o PAM em comunicado.

Desde sua independência do Sudão em 2011, o país mais jovem do mundo está atolado em uma crise econômica e política crônica, lutando para se recuperar da guerra civil que deixou quase 400 mil mortos e quatro milhões de deslocados entre 2013 e 2018. 

As calamidades climáticas (secas e inundações) e a persistente violência político-étnica forçaram o êxodo de dezenas de milhares de sul-sudaneses que "poderiam passar fome sem ajuda alimentar", destaca a agência da ONU. 

"A magnitude e a gravidade desta crise são preocupantes. Vemos que as pessoas em todo o país esgotaram todas as opções disponíveis para sobreviver e agora não têm nada", disse Adeyinka Badejo, vice-diretora do PAM no país.

Este alerta humanitário ocorre várias semanas depois que as Nações Unidas alertaram para o "risco real de um retorno ao conflito" no Sudão do Sul. 

Dez dias atrás, um relatório da ONU afirmava que 440 civis foram mortos entre junho e setembro de 2021 devido a confrontos entre facções leais ao vice-presidente Riek Machar e o exército leal ao presidente Salva Kiir.