Folha Imóveis 2022

Setor imobiliário deve crescer

No Recife, o Plano Diretor deve ajudar a alavancar os negócios com imóveis - Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Outro fator que comprova o bom desempenho de 2021 e traz esperança para 2022 é o crédito. Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), os financiamentos chegaram à marca de R$ 255 bilhões em 2021.

E o setor já iniciou o ano com bom desempenho. Somente no primeiro mês de 2022, R$ 14,6 bilhões foram financiados com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). O montante foi 18,5% maior em comparação com o mês de janeiro de 2021.

No acumulado de 12 meses, o montante financiado somou R$ 207,68 bilhões, uma alta de 60,8% em relação ao período precedente. Além disso, nesse mesmo período foram financiados 871,7 mil imóveis com recursos da poupança, resultado 92% superior ao do período imediatamente anterior. 

Segundo o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), Avelar Loureiro Filho, apesar do resultado do ano passado, o que vai definir o desempenho deste ano serão as taxas de juros, fator que interfere na decisão de compra. "2021 vai diferir muito de 2022, por uma condição básica no setor que é a taxa de juros. Esse é um elemento fundamental para a atividade imobiliária, porque quem compra por financiamento tem um custo encarecido, o que faz com que algumas pessoas elegíveis ao crédito passem a não ser mais com a taxa de juros mais alta", explica.

Presidente da Ademi-PE, Avelar Loureiro Filho

De acordo com Avelar, o ano servirá para que as vendas que ainda não aconteceram possam aquecer o mercado, mas também destaca a importância da realização de reformas no Brasil. "A atividade de construção trabalha com o que foi feito antes. Como 2020 e 2021 foram anos de vendas razoáveis, a gente vê uma atividade econômica relativamente boa. Temos uma demanda reprimida, as pessoas continuam formando famílias, que é o indicador básico para a necessidade de novas moradias", explica. Ele lembra que cerca de 1,5 milhão de famílias são formadas todos os anos, segundo a dinâmica da demografia.

Avelar cita também a importância das reformas previstas no plano federal. "Em 2022, tudo vai depender das reformas, a administrativa, a tributária, isso pode mudar e ter um reflexo positivo. Precisamos de um projeto sério, para que a conta não vá para a taxa de juros. Precisamos de um equilíbrio".

De olho no litoral norte
Em Pernambuco, a Ademi-PE considera que a principal tendência para o setor pode ser a valorização do Litoral Norte do Estado, em cidades como Paulista, Igarassu e Itamaracá, com foco no mercado imobiliário turístico. "Pernambuco fez o dever de casa nos últimos oito anos. O caixa ficou mais equilibrado e isso dá capacidade de ter mais acesso a recursos para novos investimentos. Paulista é o lugar da vez. Em 2021, segundo a Caixa, considerando todos os imóveis, a cidade ficou no mesmo patamar de Recife. A parte hoteleira do mercado também deverá ser desenvolvida, um plano estratégico será formado nos próximos dez anos, com a pretensão de atrair dez mil unidades hoteleiras para o Litoral Norte, boa parte em Paulista, em Nova Cruz e Itamaracá, para que o que aconteceu em Porto de Galinhas em 30 anos, aconteça em dez anos na área", acrescentou Avelar. 

Já na Capital pernambucana, a grande aposta para alavancar o mercado imobiliário está no Plano Diretor do Recife, que pretende aproximar as pessoas dos centros urbanos da cidade. "Acreditamos que o Plano Diretor terá seus efeitos, induzindo para construir em policentralidades, como na Encruzilhada, Casa Amarela, parte de Boa Viagem, entre outros. Acreditamos no upgrade. Pessoas que não têm como morar no Recife podem ter essa oportunidade, apoiada em tecnologia, acesso e escala, com um preço de metro quadrado mais baixo. É um novo mercado e o Plano Diretor deve trazer esse movimento, melhorando ainda uma questão de tráfego e deslocamento, aproximando as pessoas do Centro", revelou.

O presidente da Ademi-PE também acredita que o uso das tecnologias será um diferencial para o crescimento do setor no Estado ao longo dos anos. "Temos que nos adaptar, indo atrás de tecnologia, que, juntando com o processo, faz o custo diminuir no preço final. Isso deve acontecer em Recife. O ano de 2022 deverá ser positivo, com um novo público, precisando se adaptar a ele, com novos mercados e com produtos inovadores, que mudam o parâmetro de preço e área para melhor. Vai compensar essa baixa na economia como um todo", avaliou.