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'Levamos o banco para a palma da mão', diz presidente da Febraban

Segundo Isaac Sidney, no ano passado apenas 3% das 100 bilhões de transações bancárias ocorreram em agências

Isaac Sidney, presidente da Febraban - Divulgação

O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, não considera que a redução de agências prejudique o setor tradicional.

Como o senhor vê o fechamento de agências?

Vejo um processo natural, até porque a redução do número de agências bancárias reflete o novo perfil do consumidor, que busca comodidade, segurança e rapidez nos canais digitais. O que estamos fazendo? Levando a agência e o banco para a palma da sua mão.

Entre 2019 e 2021, a redução de atendimento nas agências foi de 63%. Em 2020, somente 3% das mais de 100 bilhões de transações bancárias ocorreram em agências. Isso diz muito.

O fechamento de agências favorece as fintechs?

Mais importante do que a estrutura física de atendimento é termos os meios e os canais para que as pessoas tenham acesso a serviços bancários, e isso os bancos têm de sobra.

Há espaço para todos os modelos de negócio, e os bancos tradicionais não ficam para trás em nenhum quesito de inovação e eficiência

Para as cidades do interior, não é pior ficar sem agências?

A queda na quantidade de agências é observada em todos os portes de municípios, mas a redução tem sido menos acentuada nas cidades menores, de até 200 mil habitantes.

E houve aumento de quase 20% na quantidade de correspondentes bancários em municípios com até 10 mil habitantes. De março de 2020 a dezembro de 2021, os bancos concederam R$ 8,4 trilhões em crédito, a queda no número de agências em nada interferiu.

Há como substituir o relacionamento presencial?

Os clientes não perderam o contato com os gerentes de bancos, que são profissionais treinados e preparados para cuidar do relacionamento, ainda que remotamente. O mais importante não é onde e por quem o cliente pode ser atendido, mas como sua demanda pode ser efetivamente resolvida.

Apesar do número de fechamentos, há instituições que apostam num caminho inverso, com ampliação de agências e postos de atendimento. Qual a lógica por trás desse movimento? Ainda é um diferencial?

É preciso olhar a questão de forma individualizada para uma análise consolidada e um diagnóstico mais preciso. O fato é que os bancos estão adequando suas estruturas às suas estratégias de negócio, à evolução do perfil dos consumidores e do próprio mercado.

Há casos de bancos que fizeram aquisições com maior presença em uma determinada região, o que gerou superposição de agências, mas que identificam potencial de expansão da rede em outras localidades.

E se algumas instituições financeiras estão no movimento inverso de ampliação de sua estrutura física, é porque isso faz sentido para sua estratégia de negócio e para seus clientes. Mas será sempre uma decisão baseada na demanda dos usuários por serviços bancários.