Jornalista americano é morto a tiros na Ucrânia
Brent Renaud se tornou o primeiro profissional de comunicação estrangeiro a morrer desde a invasão russa da Ucrânia
Um jornalista americano foi morto a tiros e outro, da mesma nacionalidade, foi ferido neste domingo (13) em Irpin, um subúrbio do noroeste de Kiev, onde as forças ucranianas combatem as tropas russas.
A vítima fatal é Brent Renaud, um fotógrafo de 50 anos e documentarista freelancer de Nova York que se tornou o primeiro profissional de comunicação estrangeiro a morrer desde a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro.
Um jornalista da emissora pública ucraniana foi morto em 1º de março durante o bombardeio russo à torre de televisão em Kiev.
Os dois americanos foram baleados enquanto dirigiam com um civil ucraniano, que também ficou ferido, disse à AFP Danylo Shapovalov, médico de defesa territorial ucraniana que atendeu as vítimas.
Renaud "foi baleado na nuca e morreu instantaneamente", disse Shapovalov.
Um jornalista da AFP viu o corpo da vítima, que portava seus documentos de identidade, incluindo uma credencial do New York Times.
Em comunicado, o jornal americano especificou que este jornalista "talentoso" trabalhou lá no passado, a última vez em 2015, mas que não colaborava mais com este veículo na Ucrânia.
"Continuaram atirando"
O outro repórter ferido, Juan Arredondo, contou o que aconteceu com eles em um vídeo gravado do hospital para onde foi transferido, postado nas redes sociais.
"Nós fomos filmar os refugiados deixando a área. Entramos em um veículo e alguém se ofereceu para nos levar para o outro lado da ponte", conta.
"Passamos por um posto de controle e eles começaram a atirar em nós. O motorista virou e eles continuaram atirando", acrescentou, sem especificar de que lado os tiros poderiam ter vindo.
As autoridades ucranianas foram rápidas em acusar as forças russas de atirar nos jornalistas, mas não ficou claro imediatamente claro de onde vieram os disparos.
Jornalistas da AFP que estavam na área neste domingo ouviram tiros de artilharia e armas leves.
"Estamos consultando os ucranianos para determinar como isso aconteceu", disse Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidente dos EUA, Joe Biden, ao canal norte-americano CBS, chamando a morte de “chocante e horrível”.
"As forças russas na Ucrânia devem cessar imediatamente toda a violência contra jornalistas e civis, e quem matou Renaud deve ser responsabilizado", tuitou o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York.
Renaud, também escritor, era de Little Rock, Arkansas, segundo o site da Nieman Foundation for Journalism, ligada principalmente à Universidade de Harvard, que lhe concedeu uma bolsa de estudos em 2019.
Além disso, ele trabalhou em vários projetos documentais com seu irmão, Craig, cobrindo tópicos tão diversos quanto a crise dos refugiados na América Central, manifestações políticas no Egito e combate ao extremismo na África e no Oriente Médio.
Ambos ganharam o Prêmio Peabody em 2015 por uma série de documentários sobre uma escola para crianças com problemas em Chicago.
Renaud havia trabalhado recentemente em um protesto do Black Lives Matter em Harrison, Arkansas, conhecido como um santuário de supremacistas brancos. Seu trabalho foi publicado no Boston Globe.