'É sempre uma bagunça', diz Mourão sobre intervenção em preços nos combustíveis
Vice-presidente não acredita em saída do presidente da Petrobras: 'Ele é resiliente. Sempre foi. Bom nordestino, ele aguenta pressão'
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, nesta segunda-feira (14), que intervenção no preço dos combustíveis é algo que sempre termina em bagunça. Ele também demonstrou não acreditar que, diante de pressões para reduzir os valores, o presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, possa pedir para deixar o cargo.
No sábado (12), após sancionar o projeto que unifica a cobrança do ICMS sobre combustíveis em todo o país, o presidente Jair Bolsonaro não descartou adotar medidas como subsídios ou até mesmo uma mudança na política de preços da Petrobras.
"Estamos acompanhando. Intervenção no preço é algo que a gente sabe como começa, e o término é sempre uma bagunça. O governo está buscando soluções junto com o Congresso, seja mudança no cálculo do ICMS, a questão de fundo para estabilização, redução do PIS/Cofins para zero. São as soluções que estão sendo buscadas num momento difícil do mundo, que, uma vez solucionada a situação de conflito vivida entre a Rússia e a Ucrânia, a tendência é que o preço volte aos níveis anteriores", disse Mourão nesta segunda em rápida entrevista ao chegar ao Palácio do Planalto.
Na semana passada, a Petrobras reajustou em 18,77% o preço da gasolina, 24,9% o diesel, e 16,06% o gás de cozinha. O anúncio veio depois de membros do Conselho de Administração da estatal questionarem a diretoria da empresa por que os valores seguiam os mesmos de quase dois meses atrás, apesar da disparada do valor do petróleo no mercado internacional causada pela guerra na Ucrânia.
Nesta segunda, questionado se o presidente da Petrobras pode pedir para sair do cargo, Mourão respondeu: "Ele é resiliente. Sempre foi. Bom nordestino, ele aguenta pressão".
Na semana passada, Mourão já tinha defendido a criação de um subsídio para controlar o preço dos combustíveis. Ele sugeriu que fossem utilizados dividendos e royalties para evitar uma alta maior.
No último sábado, questionado sobre a política de preços da Petrobras, Bolsonaro voltou a atacar a política de paridade com os preços internacionais, que atrela o valor da gasolina ao dólar. Segundo Bolsonaro, a regra agrada os acionistas da estatal, mas penaliza o consumidor.
"Lá atrás fizeram, no começo do governo Temer, essa política de paridade com o preço internacional. É coisa que ninguém entende, né? Estamos respeitando, se tiver que mudar isso aí, a Petrobras tem que apresentar uma proposta. Agora não pode, a Petrobras trabalhar exclusivamente visando lucro no mundo em crise, né? E com preço de combustível bastante alto aqui no Brasil", afirmou Bolsonaro no sábado.
Chile
Mourão foi ao Chile para acompanhar a posse, ocorrida na sexta-feira, do novo presidente do país, Gabriel Boric. Questionado se Boric, que é de esquerda, era uma pessoa razoável, Mourão afirmou que ele é tranquilo, e disse que não haverá problemas nas relações entre Chile e Brasil.
"Tranquilo. Tivemos uma conversa sobre interesses bilateral, corredor bioceânico, o cabo com ligação à Ásia, combate ao narcotráfico, imigração ilegal, assuntos que são da pauta dos dois países", disse Mourão.