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PP da Bahia anuncia saída oficial da base do governo de Rui Costa

Vice-governador e presidente do partido no estado rompeu aliança de 14 anos após impasses na formação de chapa para eleição estadual; secretários entregaram cargos

Rui Costa, governador da Bahia - Fernando Vivas/Governo da Bahia

O PP da Bahia anunciou oficialmente, nesta segunda-feira (14), a saída do partido da base do governador baiano, Rui Costa (PT). A decisão de romper a aliança de 14 anos com o Partido dos Trabalhadores se deu pela escolha dos petistas de um novo nome para concorrer ao Executivo estadual, após o impasse iniciado pela desistência do senador Jaques Wagner (BA) na disputa.

Na quinta-feira passada, o PT anunciou que seu candidato será o secretário estadual de Educação, Jerônimo Rodrigues, nome de preferência de Rui Costa. O PP, por sua vez, alegou em nota que a sua saída da base do governador se deveu ao fato de que o partido foi excluído da chapa para disputar o governo baiano deste ano. 

Segundo João Leão, vice-governador da Bahia e presidente do Progressistas, ele assumiria o comando do Executivo após Rui deixar o cargo para se lançar candidato ao Senado. Com o novo pré-candidato do PT ao governo, porém, Leão e o PP teriam sido excluídos da composição da chapa.

“Na segunda-feira, 7 de março, porém, em entrevista a um programa de rádio de Salvador, o senador Wagner anunciou a nova composição da chapa. Nela, o vice-governador João Leão não teria nenhuma participação. Leão também não mais assumiria o governo”, disse o PP em nota. “Além de considerar inaceitável a quebra do acordo, a indelicada comunicação da decisão pela imprensa causou uma imensa decepção e a constatação de que o PP não era mais desejado e não tinha espaço na aliança que nos trouxe até aqui”. 

Com a quebra de aliança do PP com o PT na Bahia, os membros do governo que integram o Progressistas entregaram seus cargos. Leão, que continuará como vice, pediu sua exoneração da Secretária estadual do Planejamento. O mesmo foi feito pelos secretários Nelson Leal, do Desenvolvimento Econômico, e Leonardo Góes, de Infraestrutura Hídrica e Saneamento.

Na quarta-feira passada, Leão já tinha manifestado seu desconforto com a articulação do PT. Na ocasião, indicou que poderia lançar sua própria candidatura ao governo do estado ou endossar a campanha do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), um dos principais adversários de Rui Costa. Outra opção seria tentar a vaga ao Senado — ocupada hoje na chapa petista pelo senador Otto Alencar (PSD), que tenta a reeleição.

Após anunciar a saída da base do governo, Leão disse: 

— Quero ressaltar que nos 14 anos de aliança com os governos do PT, jamais faltou da nossa parte lealdade, dedicação, apoio parlamentar e espírito público. Após amplo debate e consultas às lideranças progressistas, decidimos, por unanimidade, se afastar da aliança atual e buscar outros caminhos onde possamos continuar trabalhando pelo povo baiano.

Com a saída da base do governo de Rui Costa, o PP, que faz parte da tríade de partidos de sustentação de Jair Bolsonaro no cenário nacional, pode endossar o palanque do presidente na Bahia. 

Hoje, o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), tenta ser o candidato ao governo baiano que terá o apoio de Bolsonaro. No entanto, o próprio partido de Roma avalia que será melhor que ele concorra ao Senado. Nesse sentido, há conversas para que o presidente endosse a campanha de ACM Neto, de quem João Leão vem se aproximando.