COLISÃO NA TAMARINEIRA

'Minha dor não é apenas da perda da minha família', diz pai ao chegar a fórum; veja o jugalmento

Miguel Arruda chegou ao Fórum Joana Bezerra, na manhã desta terça-feira (15) onde ocorre o julgamento, acompanhado da filha Marcela

O advogado Miguel Arruda, sobrevivente do acidente no bairro da Tamarineira, em 2017 - Arthur Mota/Folha de Pernambuco

“A minha dor, como vocês sabem, não é apenas da perda da minha família. É de todos os dias acordar e ver a minha filha, que era perfeita, desse jeito”, diz, emocionado, o advogado Miguel Arruda da Motta Silveira Filho, sobrevivente do colisão no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do  Recife, em 2017.

Miguel Arruda chegou ao Fórum Joana Bezerra, na manhã desta terça-feira (15), onde ocorre o julgamento do acusado pela colisão. Ele chegou acompanhado da filha Marcela, que tinha cinco anos à época do acidente e convive com as sequelas geradas pelo trauma.

Abalado, Miguel afirmou que para ele, especificamente, a condenação do réu pouco mudaria em sua vida, mas que seria um avanço para a sociedade. “Como cidadão, [eu vejo que será] um grande avanço, conseguir tipificar isso [o crime no trânsito] como doloso. E uma condenação máxima seria um pequeno passo para uma sociedade mais justa e humana. Ameniza um pouco a dor de toda a sociedade”, disse. 

"É uma pena que, como eu falei, isso não vai significar muito pra mim, Miguel, porque a minha dor vai ser estendida até o último dia da minha vida. E ele logo em breve estará livre, como determina a lei, mas cabe a gente mudar essas leis, mudar essa sociedade e esse pensamento egoista de que tem que satisfazer os seus prazeres, de beber, de dirigir e de não se responsabilizar pelo que faz", completou. 

Acompanhe ao vivo o julgamento:



A colisão matou a funcionária pública Maria Emília Guimarães, de 39 anos, esposa de Miguel, o filho mais novo do casal, Miguel Neto, de 3 anos, e a babá Roseane Maria de Brito Souza, de 23 anos, que estava grávida. 

A promotora Eliane Gaia afirmou que o MPPE buscará a condenação do réu, João Victor Ribeiro de Oliveira Leal. “Há muitas provas em desfavor de João Victor, principalmente a personalidade dele voltada exatamente para os delitos de trânsito. A personalidade dele é voltada exatamente para isso: para cometimentos de pequenos delitos, até que pegou e cometeu um grande", afirmou Gaia.

O advogado de defesa Bruno Aguiar afirmou que a defesa espera que o julgamento não seja utilizado com sentimento de vingança. "A gente não vai negar as mortes, a gente não vai negar a autoria, a gente não vai negar que o sinal estava vermelho. Isso a gente não vai nem discutir. Mas a outra parte da verdade vai ser contada aqui. A gente vai trazer a oportunidade de ter mais informação. Existem doutrinas sobre o assunto, de casos bem semelhantes, que foram bem decididos", comentou Aguiar.

João Victor Ribeiro de Oliveira, então estudante universitário, dirigia alcoolizado e ultrapassou o sinal vermelho no cruzamento da Rua Cônego Barata com a Avenida Conselheiro Rosa e Silva, e atingiu o automóvel onde estava a família.

Julgamento 
Segundo a juíza Fernanda Moura de Carvalho, que preside o júri popular, o julgamento deve se estender até por volta das 19h desta terça, com possibilidade de durar alguns dias.