'João Victor é uma pessoa que não valoriza a vida de ninguém', diz promotora do Caso Tamarineira
A promotora Eliane Gaia apontou detalhes da personalidade do jovem
A promotora Eliane Gaia, que apresentou a acusação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) contra João Victor Ribeiro de Oliveira, motorista responsável pela colisão ocorrida em 2017 no bairro da Tamarineira, no Recife, que deixou três pessoas mortas e duas feridas, afirmou, durante o julgamento que inicou nesta terça-feira (15) no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, no bairro de Joana Bezerra, que o réu já costumava cometer delitos de trânsito e que não respeitava a vida alheia.
“Há muitas provas em desfavor de João Victor, principalmente a personalidade dele voltada exatamente para os delitos de trânsito. João Victor é uma pessoa que não valoriza a vida de ninguém, ele era um rapaz irresponsável no trânsito e tinha a certeza de que sairia impune em todos os delitos por ele cometidos, menos nesse", afirmou Gaia.
"A personalidade dele é voltada exatamente para isso: para cometimentos de pequenos delitos, até que pegou e cometeu um grande. E nos pequenos delitos ele se sai muitíssimo bem porque ele se prevalecia pelo fato de ter uma família que fazia de tudo para que ele não respondesse pelos pequenos delitos que cometia. E, hoje, ele vai responder por crimes muito mais graves”, acrescentou.
Segundo a promotora, o laudo que atesta o uso de substâncias químicas por João Victor no dia da colisão será apresentado durante o julgamento. “Ele tinha feito uso de substâncias entorpecentes. Nós não podemos dizer precisamente se foi apenas álcool, cocaína, ou maconha. Ele é um dependente químico, o laudo diz que ele fez uso de substâncias entorpecentes, precisamente [causando] alcoolemia”.
Durante o julgamento, a juíza de Direito Fernanda Moura de Carvalho, presidente do Tribunal do Júri, leu a acusação apresentada pelo MPPE. De acordo com a acusação, no dia do acidente o réu tinha começado a beber pela manhã e estava alcoolizado quando, em alta velocidade, avançou o sinal vermelho por volta das 19h20, sem nem sequer tentar frear o automóvel, causando a colisão. “Ao assim proceder, João Victor matou três vítimas e deixou duas com lesões corporais graves”, leu a magistrada.
Segundo o Ministério Público, o teste de alcoolemia apontou que, no momento do acidente, o réu estava com mais de três vezes do valor de álcool por litro de ar alveolar permitido por lei (o teste apontou 1,03 mg/L e o limite é de 0,3 mg/L).
O MPPE revelou, ainda, um precedente de 2017 em que o segurança de um posto de combustível afirmou que João Victor esteve no local embriagado, acelerando o carro e ameaçando bater com o veículo nas máquinas ou em pessoas presentes e dizendo que possuía dinheiro para pagar pelos estragos. “Conduta que bem demonstra a sua personalidade indiferente e em desconforto com a lei”, leu a juíza.
Duas testemunhas, Matheus Peixoto, 28 anos, vendedor autônomo, e Artur Donato da Silva, 31, empresário, amigos de João Victor, estiveram com o réu no dia do acidente e afirmaram que eles beberam durante o dia. Um deles comentou que o então universitário gostava de dirigir o Ford Fusion por status e por ser um automóvel que possuía alta velocidade.
Os dois rapazes também afirmaram que o réu fazia uso de drogas ilícitas, como maconha e cocaína, desde a adolescência, tendo conhecimento, inclusive, de ao menos duas internações de João Victor devido à dependência química.