Aliança

PP fecha apoio a ACM Neto e Lula na Bahia

Após romper com gestão do PT, vice João Leão disputará o Senado e pede conversa com ex-presidente

ACM Neto - divulgação

O PP da Bahia, estado que tem o quarto maior colégio eleitoral do país, acertou ontem uma aliança com o pré-candidato ao governo ACM Neto, do União Brasil, que apoiará o vice-governador João Leão (PP) para o Senado. Embora o PP esteja na base do presidente Jair Bolsonaro (PL) e Neto faça oposição ao PT baiano, Leão garantiu também seu apoio ao ex-presidente Lula mesmo após romper com o grupo do governador petista Rui Costa.

Em nota divulgada ontem, Leão rebateu o diretório estadual do PT, que acusou o vice-governador de aproximar-se de Bolsonaro, e disse que viajará a São Paulo “para conversar pessoalmente com Lula, olho no olho”, e garantir seu apoio ao ex-presidente.

“Lula me conhece, conhece minha história, e ele quer voto. Meus votos são dele. E estou à disposição para ajudá-lo a ter uma votação estrondosa na Bahia”, disse Leão, que informou já ter avisado ACM Neto de sua posição.

A oficialização da aliança entre Leão e Neto ocorrerá nesta quarta-feira (16), numa coletiva em Salvador. No mesmo dia, Bolsonaro visitará a cidade acompanhado pelo ministro da Cidadania, João Roma, que deve formar um palanque bolsonarista pelo PL. A ideia de Bolsonaro é lançar Roma ao governo e a médica Raíssa Soares, que já foi apelidada de “doutora cloroquina”, ao Senado.

Aliados de Neto veem o ingresso do PP na chapa como forma de atingir três objetivos: suprir a vaga ao Senado; desidratar a coligação petista, agora restrita a partidos de esquerda e ao PSD, do senador Otto Alencar; e incentivar uma migração, ainda que minoritária, do eleitorado de Lula para o candidato do União Brasil, a despeito de o PT ter como candidato ao governo o secretário de Educação Jerônimo Rodrigues.

Antes da fusão entre PSL e DEM, Neto planejou lançar ao Senado o aliado Elmar Nascimento, do União. Outro postulante à vaga era o deputado Marcelo Nilo, que deixou o PSB e pode se filiar ao Republicanos. Nilo, que agora disputa o posto de vice com nomes de PDT e PSDB, avalia que o palanque multipartidário pode atrair para Neto eleitores de diferentes presidenciáveis, inclusive do PT.

— Neto deve ficar equidistante, sem nacionalizar a campanha — afirma Nilo.

O apoio do PP a Neto contou também com a articulação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que deseja assumir o controle do União Brasil em seu estado, Alagoas.

Aliado do ex-senador Antônio Carlos Magalhães, o ACM, Leão entrou no grupo do PT em 2010. O rompimento com Costa e a reaproximação com o carlismo, decididos após conversa com Lira, ocorreram após o PT vetar o plano de Leão de assumir o governo em abril.