Mario Frias diz que filme de Danilo Gentili fez 'apologia à pedofilia travestido de humor'
Em vídeo, secretário Especial da Cultura cita os mais de R$ 3 milhões captados para o longa 'Como se tornar o pior aluno da escola'
Em vídeo postado em suas redes sociais, Mario Frias disse que "R$ 3 milhões de dinheiro público foram investidos para financiar apologia à pedofilia travestido de humor", em referência à comédia "Como se tornar o pior aluno da escola". O longa de 2017, baseado no livro homônimo de Danilo Gentili, virou alvo de influenciadores bolsonaristas no fim de semana por uma piada em que Fabio Porchat interpreta um pedófilo e assedia dois alunos adolescentes.
A referência ao "dinheiro público" vem dos recursos com os quais a produção foi contemplada com cerca de R$ 3,2 milhões por meio de leis de incentivo, como o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Na legenda do vídeo, o secretrário Especial da Cultura escreveu que "molestamento e pedofilia não é humor, não é piada e muito menos liberdade de expressão".
No vídeo, Frias diz que "os projetos são pactuados entre produtores e distribuidores com base nas regras de mercado, e os requisitos de análise são objetivos. Neste caso, foram investidos mais de R$ 3 milhões. Esperava-se uma comédia para crianças e adolescentes, e não foi o que que aconteceu".
O secretário acusou os produtores de, "sob o argumento de piada e humor", exporem "diretamente atores menores de idade, crianças". Frias faz ainda uma referência a Fábio Porchat, que explicou, em sua resposta às críticas, como funciona uma obra de ficção: "O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. Mas era tudo mentira, tá gente? Essas pessoas na vida real não são assim". O secretário disse no vídeo: "Porchat, não é normal. Molestamento e pedofilia não é normal. Não é retrato da vida, é crime. E mais: colocar crianças na cena e fazer graça pra outras crianças assistirem é indecente".
Nesta terça-feira (15), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, determinou que o longa fosse removido dos catálogos das plataformas de streaming no Brasil. O Globoplay e o Telecine classificaram como censura a determinação do Ministério da Justiça, afirmando, por meio de nota, que não irão retirar a obra de seus catálogos. A Netflix não se pronunciou sobre o caso.
Em Brasília, a presidente da Comissão de Cultura da Câmara, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), classificou como "censura" a decisão do Ministério da Justiça:
— Considero um expediente de censura que não tem respaldo na Constituição e provavelmente será derrubado pelo Judiciário — disse Alice Portugal.