RÚSSIA

Russos perdem McDonald's, mas ainda têm pizzas do Papa John's

Na semana passada, o presidente Vladimir Putin alertou que poderia nacionalizar os ativos das empresas que deixaram a Rússia

Loja da McDonalds na Rússia - reprodução/redes sociais

Na semana passada, a rede de pizzarias americana Papa John’s International informou que suspenderia todos os seus negócios na Rússia, na esteira de gigantes como McDonald’s e Starbucks, em represália à invasão da Ucrânia.

Só que os 190 restaurantes Papa John's na Rússia continuam funcionando e vendendo pizzas. E não têm planos de parar.

Essas unidades Papa John's são de propriedade de empresários russos, por meio de um contrato de franquia com uma empresa controlada por Christopher Wynne, um americano nascido no estado do Colorado que, desde os anos 2000, vive e trabalha parte do tempo na Rússia.

E, mesmo com a guerra na Ucrânia e diversas redes globais de restaurantes e varejo suspendendo suas atividades no país, as operações de Wynne, de 45 anos, pouco mudaram, afirma ele.

— O melhor que posso fazer como indivíduo é mostrar compaixão pelas pessoas, meus funcionários, franqueados e clientes, sem julgá-los por causa dos políticos no poder — disse Wynne.
 

Naquele dia, no fim de fevereiro, quando a Rússia reconheceu as províncias ucranianas de Donetsk e Luhansk como independentes, conta Wynne, o país foi tomado por uma onda de angústia, pois muitos russos têm familiares e amigos na Ucrânia. Mesmo assim, “os clientes continuaram aparecendo”, afirmou.

E, apesar das inúmeras sanções que tornaram as transações financeiras internacionais extremamente difíceis, explica Wynne, os sistemas de pagamento por cartão de crédito internacional e a internet continuam funcionando normalmente.

— A vasta maioria da população russa entende a gravidade da situação — disse. — E, no fim do dia, eles querem apreciar uma boa pizza.

Wynne, que tem uma residência em Moscou, planeja abrir entre 20 e 40 restaurantes no país este ano. Mas admite que seus planos podem ser atrapalhados por duas coisas: uma forte retração na economia russa — ele observou que a confiança do consumidor está muito baixa, com as pessoas perdendo seus empregos — e uma possível retaliação, pelo Kremlin, contra as marcas americanas e europeias que suspenderam operações no país.

Wynne espera que sua empresa, a PJ Western, cuja receita atingiu US$ 59 milhões em 2020 e gerencia as franquias que empregam 9 mil pessoas, “não seja incluída, já que continuou funcionando.”

Na semana passada, o presidente Vladimir Putin alertou que poderia nacionalizar os ativos das empresas que deixaram a Rússia.