Com financiamento europeu, Neoenergia vai inaugurar complexos solar e eólico neste ano no Brasil
Banco Europeu de Investimento vai buscar mais projetos para investir no país e diversificar fontes
A Neoenergia pretende colocar em operação ainda neste ano um parque eólico entre os estados do Piauí e da Bahia e outro empreendimento solar na Paraíba. Os dois polos vão se juntar a um projeto eólico que acabou de ser inaugurado na Paraíba. Juntos, os investimentos no Nordeste somam mais de R$ 5 bilhões. Do total, cerca de R$ 1,1 bilhão (200 milhões de euros) conta com financiamento do Banco Europeu de Investimento (BEI).
Nesta quarta-feira (16), o presidente da Neoenergia, Mario Ruiz-Tagle, e o vice-presidente do BEI, Ricardo Mourinho Félix, fizeram uma cerimônia para celebrar a assinatura do contrato de financiamento, que deveria ter ocorrido em dezembro, mas foi adiada por conta da pandemia.
Félix, do BEI, disse que essa foi a primeira operação de financiamento para o Brasil no ano. Destacou ainda que o país tem papel essencial na transição energética em um momento em que a Europa vai buscar maior diversificação energética com a guerra na Ucrânia.
Ele lembrou que o Brasil responde, em média, por cerca de 42% dos financiamentos anuais para a América Latina, de 800 milhões de euros. Lembrou que espera que esse ano os empréstimos fiquem nesse patamar.
"Temos que olhar para além do Atlântico. A guerra está afetando toda a cadeia de produção. Temos que acelerar a transição e a diversificação das fontes de energia", afirmou Félix. "Temos que olhar para a guerra e ver como construir uma diversificação energética para que cada nação não seja dependente de apenas uma fonte".
Para ele, o Brasil pode ter ainda potencial com o hidrogênio verde. "O Brasil pode ser um dos principais exportadores de hidrogênio verde do mundo. Há muito potencial no país. Estamos procurando projetos que possam gerar impacto em energia e em empregos. A transição energética tem que ser feita em prol dos cidadãos".
A Neoenergia também mira uma diversificação de projetos além de solar e eólica. A companhia estuda o potencial do hidrogênio e também vem ampliando as apostas em energia éolica no mar. Segundo Mario Ruiz-Tagle, a companhia está estudando o potencial para gerar energia dos ventos em alto-mar no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Fortaleza.
"O que está acontecendo na Europa pode ajudar a trazer mais recursos para o Brasil. O mundo tem muito recurso para desenvolver energia verde. No caso da energia eólica no mar, acreditamos que em três a cinco anos o primeiro projeto já esteja pronto, pois queremos atrair fornecedores e desenvolver tecnologia - afirmou Ruiz-Tagle".
O executivo disse que o pacote de socorro ao setor elétrico, de R$ 10,5 bilhões e que será repassado às tarifas a partir de 2023, foi "um sinal suficiente para olhar para frente com maior tranquilidade". Para ele, isso ajuda a resolver a situação dentro das regras.