Eleições

ACM Neto diz que não é adversário de Lula apesar do histórico de oposição ao PT

Estratégia do pré-candidato ao governo da Bahia é apostar no voto "LulaNeto"

Divulgação

O pré-candidato ao governo da Bahia ACM Neto (União Brasil) disse nesta quinta-feira (17) que não é adversário de Lula, apesar do histórico de oposição aos governos petistas. Em evento para selar aliança com o vice-governador, João Leão (PP), que se lançou pré-candidato ao Senado, o ex-prefeito ressaltou que "o eleitor não quer ver seu candidato a governador em rixa com o candidato a presidente".

"Eu não sou adversário de Lula. Lula é candidato à Presidência, eu sou candidato ao governo do estado. Meus oponentes são candidatos ao governo da Bahia. O eleitor não quer ver seu candidato a governador em rixa com o candidato a presidente", disse em coletiva de imprensa durante o anúncio da aliança com o Progressistas.

Antes ferrenho opositor de Lula e dos governos do PT, ACM Neto aposta agora, veladamente, na estratégia do voto “LulaNeto”, em uma tentativa de vencer a disputa pelo Palácio de Ondina ainda no primeiro turno. Dirigentes do PT nacional chegaram a sondar o ex-prefeito de Salvador em busca de um entendimento após a desistência do ex-governador Jaques Wagner de tentar outro mandato, mas as conversas não avançaram.

Na semana passada, o PP deixou a base do governador Rui Costa (PT)para se associar a ACM, após 14 anos de aliança com PT, que há 16 governa o estado. Aliados de Neto veem o ingresso do PP na chapa como forma de atingir três objetivos: suprir a vaga ao Senado; desidratar a coligação petista, agora restrita a partidos de esquerda e ao PSD, do senador Otto Alencar; e incentivar uma migração do eleitorado de Lula para o candidato do União Brasil, a despeito de o PT ter candidatura própria.

Após o impasse iniciado pela desistência do senador Jaques Wagner (BA), o PT definiu lançar o secretário estadual de Educação, Jerônimo Rodrigues, para disputar a sucessão de Costa no Palácio de Ondina.

Em 2005, ACM Neto, então deputado federal, foi à tribuna da Câmara anunciar que poderia dar uma surra em Lula. Na época, era sub-relator da CPI dos Correios — que investigou o esquema de compra de votos no Congresso pelo governo Lula chamado mensalão — e denunciou que ele e a família estariam sendo vigiados por agentes da Abin.

"Senador Arthur Virgílio, V. Exa. não dará uma surra sozinho não. Terá um aliado, porque não tenho medo. continuarei mostrando que o PT construiu o maior esquema de corrupção já visto na história do Brasil", disse. "O presidente da República, ou qualquer um dos seus, que tiver coragem de se meter na minha frente, tomará uma surra".

Em entrevista À rádio Metrople em dezembro, o ex-prefeito lembrou o episódio e colocou "panos quentes".

“Eu tenho mais de 20 anos de vida pública, já aprendi muito. Eu já tive aquela minha fase do deputado muito jovem, recém-estreante, que era duro, radical, que subiu na tribuna da Câmara pra dizer que ia dar uma surra no ex-presidente. Isso foi uma fase, quando eu tinha 20 e poucos anos. De lá pra cá, amadureci e aprendi muito. Aprendi com a politica e, principalmente, com a gestão da prefeitura de Salvador”. 

Em 2018, ao anunciar apoio a Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições, o pré-candidato ao governo da Bahia demonstrou o quanto era antipetista:

"Mesmo não concordando com tudo, do ponto de vista ideológico e programático, que defende o candidato Bolsonaro, na minha opinião, existe uma coisa que nos une é que é mais forte: que é exatamente não deixar um governo tomado pelo PT, que foi o partido que trouxe ao Brasil mais de 13 milhões de desempregados, o partido do Mensalão, do Petrolão", disse.

Ao GLOBO, em janeiro de 2020, no início do segundo ano do governo Bolsonaro, ACM também criticou Lula e o PT:

“Acabou o mito. E acabou o discurso. O PT primeiro tinha o discurso do golpe. Depois, o discurso do Lula Livre. Agora eles estão sem discurso. Lula saiu e não mudou nada. E o presidente Lula já não é mais a liderança que foi no passado: se esperava uma comoção, uma mobilização nacional sem precedentes e nada disso aconteceu, nem mesmo no Nordeste.”