Patriotismo e problemas técnicos marcam evento de Putin por aniversário da anexação da Crimeia
"Por um mundo sem nazismo", "Pela Rússia", proclamavam as faixas expostas em um estádio Luzhniki lotado em Moscou
Bandeiras russas, slogans antinazistas, cantos patrióticos e problemas técnicos que fizeram Putin desaparecer das telas no meio de seu discurso: a Rússia celebrou nesta sexta-feira (18) o oitavo aniversário da anexação da Crimeia ucraniana, em plena ofensiva contra o país vizinho.
"Por um mundo sem nazismo", "Pela Rússia", proclamavam as faixas expostas em um estádio Luzhniki lotado em Moscou.
A Rússia justifica sua atual operação militar na Ucrânia na necessidade de "desnazificar" o país, acusado de cometer um genocídio contra a população russófona.
Por todos os lados, os "Zs" adornavam o peito dos presentes no ato, convertidos em símbolo patriótico por aparecer nos tanques russos enviados para as zonas de combate.
O prato principal da festa, que contou com a presença de 95 mil pessoas no interior do estádio e 100 mil na área externa, era o discurso do presidente russo.
Vladimir Putin celebrava o heroísmo dos soldados russos na Ucrânia quando a emissora pública Rossiya-24, que transmitia o seu discurso, interrompeu sua intervenção e continuou mostrando outras imagens do evento.
Quinze minutos depois, a televisão retomou a transmissão do discurso de Putin, agora gravado.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, assinalou pouco depois aos meios de comunicação russos que transmitiam o evento que o mesmo havia sido interrompido "por uma falha técnica em um servidor".
Celebrando a anexação da Crimeia ucraniana em 2014, tomada após uma revolução pró-Ocidente em Kiev, o presidente saudou as forças presentes atualmente na Ucrânia, citando a Bíblia.
"As palavras que me vêm são as das Sagradas Escrituras: não há amor maior que dar a vida por seus amigos", disse, ao subir no palco.
Ao som de "Rússia, Rússia" cantado pela multidão, Putin louvou o "heroísmo" dos soldados russos que "combatem, que atuam lado a lado durante esta operação militar, e que, em caso de necessidade, usam seu próprio corpo para defender" seus camaradas e impedir a trajetória "de uma bala".
'Feito na URSS'
"Já passou muito tempo desde que vivíamos tal grau de unidade", disse Putin. O evento também esteve marcado pelas canções patrióticas interpretadas por artistas famosos, como Oleg Gazmanov, que cantou o sucesso "Feito na URSS", onde uma das estrofes diz: "Ucrânia e Crimeia, Belarus e Moldávia, este é o meu país".
Personagens políticos, medalhistas esportivos e artistas também subiram no palco e se multiplicaram as mensagens de lealdade ao presidente Putin, enquanto dezenas de milhares de pessoas tremulavam bandeiras com as cores do país e cartazes estampados com a letra "Z".
"Somos um país e um povo que aprecia e defende a paz, luta contra o mal [...] a verdadeira liberdade é estar livre do mal. Não podemos ter medo porque vivemos no amor e com fé", proclamou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova.
O pai de um separatista pró-russo do leste da Ucrânia falecido há alguns dias subiu ao palco para saudar o exército russo que está "na linha de frente".
"Quero lhes dizer que apoiem o presidente", declarou Artyom Zhoga, que compareceu expressamente para a ocasião, já que é comandante de uma unidade separatista no front de Donetsk.
"Uma nação que acredita em seu presidente não pode ser derrotada", proclamou o anfitrião da festa.