Empresa de eventos é acusada de aplicar golpes em noivos no Recife
As vítimas relatam que os representantes da empresa não respondem às demandas dos clientes e não devolvem o dinheiro, mesmo após a solicitação do distrato
Nesta segunda-feira (21), mais de 30 casais de noivos começaram a formalizar denúncias na Delegacia Especializada em Crimes contra o Consumidor (Decon), no Recife, contra a empresa Kasa Nova Eventos. As vítimas relatam que os representantes da empresa não respondem às demandas dos clientes e não devolvem o dinheiro, mesmo após a solicitação do distrato.
Além disso, muitos casais realizaram a festa, mas a estrutura não era a mesma acordada no ato do contrato, pois, segundo eles, havia cadeiras enferrujadas, goteiras e nenhum suporte da equipe. Os casais criaram um instagram para dar ênfase às denúncias.
A nutricionista Mariana Cardoso contratou os serviços da empresa no dia 15 de fevereiro de 2020. O casamento estava marcado para o dia 14 de agosto de 2021, mas não aconteceu devido à pandemia da Covid-19. Ao todo, ela e o noivo gastaram R$ 1.200 com o contrato da casa e as entradas do buffet e da decoração. Ela também relatou problemas de comunicação no grupo do WhatsApp que a empresa mantinha com as noivas e estas acabaram fazendo um grupo à parte.
Em maio de 2021, ela decidiu romper o contrato. Na época, um dos gerentes da empresa solicitou que ela fizesse uma carta escrita à mão, solicitando o distrato. Desde então, ela não consegue uma posição concreta da empresa e o ressarcimento da quantia paga. Ela se sente frustrada, triste e revoltada.
“Em janeiro de 2022 eu consegui contato com uma nova funcionária da casa, quando eu entrei em contato, falei do meu distrato, ela me informou que eu começaria a receber o valor parcelado a partir de março. Quando fui procurar novamente a pessoa com quem eu tratei, soube que ela não trabalhava mais com o grupo. Entrei em contato novamente em outro telefone e disseram que ainda não tinham feito o documento do distrato, e me informaram que não teria pagamento nenhum em março, e se houvesse algum pagamento, seria somente em dezembro”, destacou.
No caso da biomédica Danila Andriola, o casamento aconteceu no dia cinco de março deste ano, porém, a estrutura do local, localizado na Ilha de Itamaracá, não foi a combinada no contrato. Sujeira, bagunça e goteiras por todas as partes foram aspectos perceptíveis no dia do evento, de acordo com o que ela relatou. Ela optou por contratar apenas a casa com a empresa no valor de R$ 1.100. No total, foram gastos cerca de R$ 45 mil na festa.
“Quando o decorador chegou, às 7h, ele se deparou com o estado da casa. Estava tudo sujo, desarrumado, da festa anterior e não tinha staff para receber. Estava um dia nublado e quando montaram metade da decoração, começou a chover, e tiveram que colocar as coisas na parte coberta, mas em todo canto tinha goteira, a casa toda estava em um estado deplorável e não tinha condições de ter uma festa, as pessoas iam ficar debaixo d'água. O decorador teve que montar a estrutura e desmontar várias vezes”, destacou.
“Foi um dano psicológico grande, até hoje fico pensando o que teria acontecido se a chuva não tivesse passado. Foram anos planejando o casamento. “Eu passei praticamente o dia inteiro chorando, tive que tomar remédio, ninguém sabia o que fazer”, relatou.
A administradora Juliana dos Santos relata que fechou, inicialmente, um contrato completo com a empresa, com decoração, buffet e cerimonial, mas percebeu um desencontro nas informações. Ela casou em janeiro na Kasa da Ilha, em Itamaracá.
“Devido à insegurança, pedi para fazer o distrato de todos os itens. Com a entrada que eu tinha pago de mais de R$ 6 mil teria como eu ficar com o espaço e o buffet. Na época, o buffet era muito bom e decidi manter o contrato só com esses itens, quando chegou no mês de outubro, eu descobri que o buffet tinha sido trocado e não estava tão bom quanto antes”, destacou.
Após provar o buffet e ver que a qualidade estava bem abaixo do contratado, a administradora rescindiu o item. O valor que ela deveria receber era de R$ 3.670, porém, depois de muito tentar, recebeu apenas R$ 2.500.
“Eu passei quase dois meses para rescindir o meu contrato. Eu mandava mensagens todos os dias perguntando onde estava o meu dinheiro, eu estava precisando para pagar o meu buffet e o meu casamento estava na porta. Dias antes do meu casamento, foi feito um depósito de R$ 2.500 e até hoje não foi pago o restante do dinheiro”, disse.
Ela afirma que precisou contratar tudo por fora para que a cerimônia de casamento desse certo. “Até mesas e cadeiras eu aluguei para não usar as da casa, porque nas fotos do decorador estavam bem velhas e eu não quis arriscar. A minha luta com eles é para tentar receber o que está faltando do meu dinheiro. No dia do meu casamento, o píer de madeira estava todo descascado, e eu paguei um pintor que estava na casa na época, eu comprei o verniz e paguei a ele", acrescentou.
A Equipe da Folha de Pernambuco entrou em contato com a empresa Kasa Nova Eventos nesta segunda, mas não obteve resposta. A Polícia Civil de Pernambuco informou que a ocorrência foi registrada e que as devidas providências serão tomadas.