Moradores e comerciantes tentam recuperar prejuízos após temporal castigar São Lourenço da Mata
Prejuízos ainda estão sendo estimados na cidade
Com as fortes chuvas registradas na Região Metropolitana do Recife (RMR), o município de São Lourenço da Mata foi o segundo local mais atingido.
Com a situação, diversos comércios e residências da cidade ficaram alagados e os prejuízos ainda estão sendo estimados.
De acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) foram acumulados 149,74 mm de água no município.
Igor Henrique é dono da loja Mundo dos Presentes, localizada no centro da cidade, e contou que o local foi completamente inundado durante as chuvas noturnas, causando a perda de muitas mercadorias.
“Não tem nem como calcular, nem como dizer ainda o prejuízo que a gente teve. A loja ficou realmente imundada, começamos com balde mas vimos que ia demorar muito. Colocamos uma bomba e a expectativa é de quatro horas para conseguir puxar toda a água”.
Mesmo com a utilização da bomba, Igor, os funcionários da loja, familiares e amigos continuaram a fazer o possível para acelerar o processo com baldes.
“Imundou dentro da loja e chegamos cedo para dar início à limpeza e estamos aqui desde então. Provavelmente a loja vai ficar cerca de dois dias parada, sem funcionar para a higienização. A luta é grande”, pontua Igor.
Loja vizinha também sofreu
A loja vizinha ao Mundo dos Presentes é a NL móveis, que também sofreu com as chuvas. Os donos e funcionários tentavam limpar, não só o chão, mas os móveis do mostruário que foram atingidos pela água. Juliane Ferreira, de 38 anos, trabalha na loja e contou que mesmo com outras chuvas fortes, a água nunca chegou no nível de entrar no ambiente da loja como aconteceu desta segunda-feira (21) para terça-feira (22). “O prejuízo foi muito grande, o mostruário inteiro. Estamos tirando a lama e limpando para poder ver o prejuízo que foi dado”, disse ela.
Segundo Juliana, o grande sentimento que prevalece com toda a situação é o de tristeza e vão levar dias para conseguir contabilizar todos os danos aos móveis, limpar a loja, separar os produtos estragados dos que não foram atingidos e reorganizar os mostruários.
“Tristeza não só por mim, mas por todos. Eu dei uma volta no centro e todos os comerciantes estavam limpando suas lojas, a gente nunca viu isso aqui, nunca. Do grande ao pequeno, todo comerciante teve prejuízo”, contou. Com o alerta de possíveis novas chuvas durante todo o dia nesta terça-feira (22), Juliana e os demais funcionários da NL Móveis buscam estar preparados. “A gente vai ver o que fazer para evitar a chuva à noite, bolar uma estratégia para que, se chover, não dê tanto prejuízo. Não tem condições hoje
Moradores passaram madrugada em claro
Para além dos comércios no centro do município de São Lourenço da Mata, diversas áreas residenciais foram afetadas. Silvana de Nascimento tem 47 anos e vive na comunidade Rosana Labanca, bastante atingida pelas fortes chuvas.
Junto aos filhos ainda crianças e a amiga, Priscila, que estava a ajudando, Silvana passou a madrugada inteira tentando salvar os móveis, roupas e o restante dos seus pertences da inundação, sem dormir até as 5 horas da manhã, preocupada com o interior de sua casa e também com o exterior, onde um muro desabou por causa do nível de àgua do canal.
“A água invadiu de repente, começou a chover cada vez mais forte e a minha casa ficou alagada e o muro caiu. Eu estou muito perturbada, perdi meu armário que está todo quebrado porque levou muita água, ainda perdi meu muro. Só não perdi a minha geladeira porque não bateu água no motor. Graças a Deus não perdi minha vida, a vida do meu filho, da minha filha e da mulher que está na minha casa”, falou Silvana.
Ela se descreveu como ainda muito nervosa e abalada. “Foi um susto muito grande e eu não pude fazer nada, entrei em desespero, fiquei aperreada nervosa, nervos muito abalados. Passei a noite todinha limpando a casa, lavando. Para mim foi o maior desespero. Agora é pedir a Deus que hoje não chova tanto quanto ontem. Ontem foi muito forte”.
Priscila, a amiga de Silvana contou que para se abrigar da chuva e por causa do alagamento dentro da residência, ambas foram com as crianças para a casa de um vizinho com segundo andar. Ela relatou que todos os pequenos ficaram muito nervosos e chorosos durante toda a noite.
Quem também sofreu com inundações dentro de casa foi a dona de casa de 40 anos, Maria Mônica Santana. Ela estava na igreja durante o início das chuvas, mas explicou que desde lá, começou a ficar bastante preocupada. “Foi um transtorno muito grande, eu só pensei no meu esposo dentro de casa caso o teto caísse. Eu estava na Igreja e a minha filha saiu correndo para me buscar. Quando eu cheguei na minha casa, não sei quantas pessoas estavam jogando água para fora. O meu desespero era a casa cair, fui subindo tudo, tirando água”.
Com a ajuda dos vizinhos, Maria conseguiu ver sua casa sem água e teve sorte: não teve tantos prejuízos com os móveis e eletrodomésticos apesar da água ter chegado a meio metro na sala e no quarto. Mesmo depois da chuva ter dado uma pausa, ela relata estar assustada.
“Não dormimos, estava dando muito trovão e eu ainda estou com medo porque a gente não esperava isso acontecer, estamos em um transtorno e eu continuo com medo”, disse Maria.
Prefeitura discute transtornos
Na prefeitura do município de São Lourenço da Mata, uma reunião promovida pelo prefeito, Vinícius Labanca, aconteceu na manhã desta terça-feira (22) com o intuito de debater todos os problemas acarretados pelas fortes chuvas e as estratégias a serem tomadas em relação aos danos e segurança da população.
O secretário de infraestrutura do município, Tarcísio Cruz, era um dos presentes e explicou à Folha de Pernambuco que a região teve um volume muito elevado de chuva em um espaço de apenas 3 horas e a prefeitura segue fazendo um monitoramento e acompanhamento das áreas mais afetadas.
“A gente continua sob alerta e sob orientação da Defesa Civil do Estado e do município. Estamos monitorando os pontos de alagamento e pontos de deslizamento. Sempre que houver necessidade, a gente está aqui disposto a atender a população”, afirmou Tarcísio.
Segundo ele, 21 pontos de alagamento e 4 deslizamentos de barreiras foram identificados no município, mas nenhum grande dano foi registrado. A população que vive em encostas e notar qualquer tipo de risco, o ideal é se deslocar para um local diferente e mais seguro.
O coordenador da Defesa Civil de São Lourenço da Mata, Armando Moura, completou dizendo: “Estamos fazendo um levantamento das ocorrências e colocando as equipes a fazer o atendimento à população, além da reposição e colocação de lonas nas áreas de riscos das barreiras. A pessoa que se sentir em risco deve evacuar a casa e ligar para a Defesa Civil que é o número 98338-5407. Estamos à disposição da população”.