Eleições 2022

Kalil anuncia saída da prefeitura de Belo Horizonte mirando vaga ao governo de Minas

Pré-candidato ao Palácio Tiradentes ainda não definiu o arranjo para uma aliança com Lula

Alexandre Kalil - Divulgação

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), anunciou, na manhã desta sexta-feira (25), sua renúncia à prefeitura da capital mineira. O objetivo é tentar a vaga ao Governo de Minas Gerais nas eleições de outubro, em confronto contra Romeu Zema (Novo), que busca a reeleição.

A data escolhida é simbólica: Kalil completa hoje 63 anos, e o dia 25 de março também é o aniversário do Atlético-MG, clube que presidiu.

Kalil fez o anúncio acompanhando de secretários e apoiadores, na sede da prefeitura da capital mineira, a uma semana do fim do prazo da renúncia para gestores que queiram trocar de cargo mirando as eleições deste ano. O vice-prefeito Fuad Noman (PSD) assumirá o posto. "Se digo até breve para minha cidade, me dirijo ao estado, me aguarde", declarou o prefeito em pronunciamento, segundo "O Estado de Minas".

Apesar do anúncio, Kalil ainda não definiu o arranjo para uma aliança com o ex-presidente Lula (PT), que voltou ontem a expressar esta intenção. Em entrevista à rádio “Super”, de Belo Horizonte, o petista confirmou o desejo de uma chapa com PT e PSD em Minas, apoiando Kalil para o Palácio Tiradentes e com o deputado petista Reginaldo Lopes ao Senado.

A aliança, contudo, esbarra no fato de o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) ser candidato à recondução na única vaga disponível neste ano. Numa reunião entre Lula e Kalil em São Paulo, na segunda-feira, para discutir as bases do acordo, o PT sugeriu que, mesmo coligados ao governo, cada partido lance um nome ao Senado. A prática, embora permitida pela legislação, é incomum.

Pesquisas avaliadas por Kalil e pelo PT apontam que o prefeito de BH melhora seu desempenho, especialmente no interior do estado, com o apoio de Lula. Já o governador Romeu Zema (Novo), tido como principal adversário de Kalil, perde força com a nacionalização da campanha, quando é associado ao presidente Jair Bolsonaro (PL) — algo que Zema procura evitar neste ano. Lula, por sua vez, quer subir no palanque de Kalil na expectativa de atenuar a rejeição ao PT na capital. Na entrevista de ontem, Lula resumiu seu ponto de vista: “O Kalil precisa de mim, e eu preciso do Kalil”.

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, não se opôs à articulação entre Kalil e Lula, mas descarta que o partido abrirá mão de lançar Silveira ao Senado. Kassab tenta formar palanques do PSD para uma candidatura presidencial e prefere o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que deu sinais de permanência no PSDB.

— Sei que o Kalil está conversando com Lula, mas o projeto do PSD é por candidatura própria — disse Kassab.

Interlocutores de Kalil chegaram a aconselhá-lo a migrar para o PSB e facilitar uma aliança explícita com o PT, algo que o prefeito evitou nas campanhas de 2016 e 2020, nas quais teve apoio velado do ex-governador petista Fernando Pimentel. Na avaliação desses aliados, a permanência no PSD traz riscos a Kalil, já que Zema e Silveira têm aliados em comum. Um deles, o presidente da Federação das Indústiras de Minas (Fiemg), Flávio Roscoe, com quem Kalil mantém relação conflituosa, já incentivou nos bastidores um acordo entre eles.

Silveira preside o diretório mineiro do PSD e é mais próximo a líderes da sigla, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Antonio Anastasia, de quem foi suplente. Com a renúncia de Kalil, quem assume é o vice, Fuad Noman (PSD).