lançamento de pré-candidatura

Em evento, Bolsonaro ataca pesquisas e diz querer deixar o governo "bem lá na frente"

Presidente insistiu em discurso anticorrupção, em maio a suspeitas no MEC, e reciclou discurso de 2018

Bolsonaro no evento de lançamento da sua pré-candidatura à presidência - Reprodução Instagram

Com discurso de candidato, o presidente Jair Bolsonaro atacou, neste domingo (27), as pesquisas eleitorais, que apontam a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e afirmou que quer deixar o governo "bem lá na frente".

Bolsonaro lançou sua pré-candidatura no mesmo dia em que conseguiu barrar ato políticos de artistas. No evento, o presidente reciclou discurso de 2018, ao insistir no antipetismo e no discurso anticorrupção, em meio a suspeitas de irregularidades no Ministério da Educação.

— Vocês já ouviram no passado, ouvem ainda, que uma mentira repetida mil vezes transforma-se em verdade. Vou dizer agora: uma pesquisa mentirosa publicada mil vezes não fará um presidente da República — discursou Bolsonaro, um centro de convenções em Brasília.

Depois de divulgar o evento como lançamento da pré-candidatura, o PL passou a dizer que seria um evento de filiação, para evitar infringir a lei eleitoral. Entretanto, o próprio Bolsonaro disse no sábado que seria a divulgação de sua pré-candidatura.

O presidente chegou ao evento, realizado em um centro de convenções em Brasília, por volta de 10h10. Estão presentes diversos ministros, parlamentares, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e personalidades como o ex-piloto Nelson Piquet e o jogador de vôlei Mauricio Souza.


Ao lado de Bolsonaro, estavam o presidente do PL, Valdemar Costa Netto, e o senador Fernando Collor (PROS-AL). Valdemar já foi condenado em 2012 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão e chegou a ficar preso. Collor sofreu impeachment em 1992, quando era presidente da República, após um escândalo de corrupção. Atualmente é réu em uma ação da Lava-Jato no STF.

Neste domingo (27), o ministro Raul Araújo, do TSE, atendeu ao pedido feito pelo PL para que sejam proibidas manifestações políticas durante as apresentações do festival Lollapalooza. A legenda acionou a Corte neste sábado, após a cantora Pabllo Vittar levantar, durante o show que fez no evento, uma bandeira com a foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Durante a cerimônia, Valdemar Costa Neto anunciou a filiação ao PL dos ministros João Roma (Cidadania) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e do líder do governo do Congresso, senador Eduardo Gomes (TO). Roma é pré-candidato ao governo da Bahia, enquanto Pontes deve ser candidato a deputado federal por São Paulo.

Havia a expectativa de que Braga Netto comparecesse e também se filiasse, mas isso não ocorreu. Na semana passada, Bolsonaro indicou que ele será o escolhido como companheiro de chapa.

Alguns dos poucos ministros a discursarem foram Roma e Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), que deve se filiar ao Republicanos e será candidato ao governo de São Paulo. Roma enalteceu as ações da Bahia, por onde sairá como candidato ao governo do estado.

— Com o presidente Bolsonaro nós estaremos cada vez mais seguindo firme, todos juntos lá na Bahia, todo esse time, porque a Bahia também ama o presidente Bolsonaro e quer um futuro glorioso para o povo altivo. Estaremos com o PL 22 avançando para que o nosso Brasil seja sempre para nós motivo de orgulho.

Em seu discurso, Bolsonaro também chamou a ministra Tereza Cristina (Agricultura) para falar. Tereza foi defendida como possível vice do presidente por nomes do Centrão, mas deve concorrer ao Senado.

Michelle Bolsonaro também fez um breve discurso. Existe a intenção de aliados do presidente de explorar a imagem da primeira-dama durante a campanha.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também discursou no evento, tendo sido anunciado como o "homem que fez a realidade desse evento". Flávio teve papel importante na negociação para a entrada de Bolsonaro no PL.

O senador disse que o presidente, que é seu pai, defende o instituto da família, mas não um filho ou um parente. Há um inquérito aberto no STF para apurar uma possível interferência do presidente na Polícia Federal (PF) a fim de proteger sua família. Seus filhos foram alvos de investigação, incluindo Flávio. A apuração que trata do suposto esquema de "rachadinha" envolvendo o senador quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro foi praticamente enterrada por decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

— Quando ele vem defender a família, o instituto da família, não é defender um filho, um parente, um amigo, de nada de errado que fez, porque não fizemos nada de errado. É defender o instituto da família, coloca de verdade Deus em primeiro lugar —  disse Flávio.