O uso de máscaras deve ser mantido nos aviões? Entenda
As companhias aéreas britânicas suspenderam e os Estados Unidos vão rever o uso em breve
As viagens aéreas têm sido um dos últimos ambientes a dispensar o uso obrigatório das máscaras. Nos Estados Unidos, por exemplo, a medida que obriga as proteções faciais — recentemente estendida até o dia 18 de abril, quando volta a ser revista — ainda é aplicada. No ano passado, 922 pessoas que não usaram máscaras receberam multas da Administração de Segurança de Transportes no país.
Mas há indícios de que a situação pode estar mudando: nas últimas semanas, os aeroportos dinamarqueses e o aeroporto de Heathrow, em Londres, suspenderam a exigência, assim como grandes companhias aéreas britânicas.
Nos EUA, a Associação Internacional de Transporte Aéreo, que representa quase 300 companhias aéreas, e a US Travel Association, um grupo do setor, estão pressionando a Casa Branca para não estender ainda mais a medida, dizendo que é difícil manter as regras, uma vez que as autoridades já dispensaram a proteção em outros locais fechados.
Os legisladores republicanos, que recentemente processaram os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) para encerrar o mandato da máscara para viagens aéreas, chamam a regra de “arbitrária”.
Mas alguns especialistas em saúde de viagens afirmam que a abordagem sobre aviões e aeroportos deve ser mais cuidadosa.
Ao contrário dos EUA, a Inglaterra nunca instituiu um a exigência governamental de máscara para viagens aéreas. No entanto, a maioria das companhias aéreas e aeroportos britânicos começou a cobrar a proteção facial em junho de 2020, quando o Reino Unido começou a exigir o acessório em outras formas de transporte.
Nas últimas duas semanas, como partes do Reino Unido suspenderam a exigência, alguns aeroportos, como o de Heathrow, em Londres, e companhias aéreas, entre elas a British Airways e a Virgin Atlantic, também abriram mão de suas regras. Ambas as companhias disseram que usar uma máscara é uma “escolha pessoal” e esclareceram que a mudança só se aplica ao voar de ou para destinos onde não há requisitos de proteção, como Inglaterra e Barbados.
Elas não são as primeiras companhias aéreas a permitir a liberação da máscara. Outras duas empresas aéreas britânicas, Jet2 e TUI Airways, já haviam retirado a obrigatoriedade do acessório, e, em outubro do ano passado, os passageiros começaram a voar sem elas em toda a Escandinávia.
Se os países de partida e destino tiverem restrições diferentes, a nação com a regra mais rígida define a política nos voos. Indivíduos viajando entre Inglaterra e Irlanda do Norte pela TUI Airways, por exemplo, não precisariam usar máscara, mas indivíduos voando entre Inglaterra e Estados Unidos, nessa mesma companhia, seriam obrigados a usar.
Além da Inglaterra, Irlanda do Norte, Noruega e Barbados, não exigem máscara nos voos México, Santa Lúcia, Bahamas e Jamaica. Estados Unidos, Escócia, Itália e China estão entre os muitos países que continuam a exigir a proteção nos aviões.
As regras do aeroporto podem ser mais rígidas do que as do avião em uma determinada rota, o que significa que um viajante pode ter que colocar a máscara ao chegar.
Nos EUA, as pessoas podem parar de usar a máscara talvez no dia 19 de abril, caso a Casa Branca não estenda a medida.
Os números de casos de Covid variam pelo mundo. Nas últimas semanas, a quantidade de infecções caiu para o nível mais baixo desde junho nos EUA. O Canadá também está com o menor número de casos desde dezembro. Mas em muitos outros lugares, os casos estão aumentando. Uma subvariante altamente transmissível conhecida como BA.2 ataca partes da Ásia e da Europa.
Até os comissários de bordo estão divididos sobre se a exigência deve ser mantida. Alguns dizem que a regra da máscara não vale a pena, em razão das dificuldades para aplicá-la, enquanto outros argumentam que a medida é vital para manter os viajantes vulneráveis seguros.
Alguns defensores do fim dos mandatos que impõe as máscaras argumentam que, enquanto as vacinas estiverem prevenindo doença grave, a contagem de casos é irrelevante, porque a maioria dos viajantes internacionais é vacinada.
Mas os defensores da manutenção das máscaras apontam que nem todos em um avião podem contar totalmente com a proteção das vacinas contra as infecções graves pelo coronavírus.
Pais de crianças menores de 5 anos expressam sentimentos mistos sobre a obrigatoriedade. Atualmente, a vacina contra o coronavírus está disponível apenas para maiores de 5 anos na maior parte do mundo, deixando muitos pais apreensivos em colocar seu filho, que pode ser muito novo para usar uma máscara, em meio a tantos viajantes desmascarados. Por outro lado, muitos pais consideram a regra americana atual, que exige que crianças de apenas 2 anos usem uma máscara, irracional.
As companhias aéreas argumentam que os sistemas avançados de filtragem em muitos aviões renovam o ar a cada dois ou três minutos. Portanto, o risco de ser infectado deve ser menor do que em outros ambientes fechados, muitos dos quais não exigem mais máscaras.
Os requisitos de teste de viagem também tornaram os aviões um ambiente mais seguro, de baixo risco para transmissão. Mas pesquisadores apontam que se você estiver sentado perto de uma pessoa infectada, ainda poderá acabar respirando o vírus emitido antes que ele entre no sistema de filtragem de ar.
Por isso, os especialistas em viagens apontam que as máscaras são eficazes. Embora o consenso entre os pesquisadores que se concentram nessa área seja de que as viagens aéreas são bastante seguras, há exemplos de transmissão de coronavírus em aviões — a maioria antes do início da obrigatoriedade de máscara.
Mesmo companhias aéreas e aeroportos que suspenderam a exigência seguem enfatizando a importância delas. Emma Gilthorpe, diretora de operações de Heathrow, disse que, mesmo com o fim da obrigatoriedade, ainda “recomendaria usá-las”.