Política

Após conversa com União Brasil, Ciro Gomes vê acordo com o centro distante

Pedetista cita 'ceticismo' com terceira via, mas aprova diálogo com Bivar

Ciro Gomes (PDT) - Ed Machado / Folha de Pernambuco

O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, disse nessa segunda-feira (29) que avalia uma composição entre nomes da chamada terceira via “com muito ceticismo”. O ex-ministro se reuniu com o presidente do União Brasil, o deputado Luciano Bivar (PE), que também vem mantendo conversas com dirigentes do PSDB e MDB — o Podemos também tenta participar do diálogo.

Ao contar sobre o encontro, Ciro disse que Bivar tem “essa pretensão generosa” de unir nomes como o dele e de Sergio Moro, pré-candidato do Podemos ao Planalto, em uma só chapa. Ciro afirmou ter dito a Bivar que não seria um “obstáculo” a eventuais conversas. Para o pedetista, porém, não é viável compor com alguém como ex-juiz, por suas “concepções programáticas” distintas.

"Penso em uma composição, mas penso com muito ceticismo. O que passa na cabeça do Moro sobre a Petrobras, sobre o salário das pessoas, sobre juros e crediário... É água e óleo. Não combina. Primeiro porque ele não sabe nada disso, segundo que repete um ideário reacionário, que é o Bolsonaro", declarou.

Ciro, que participou ontem da filiação do deputado federal David Miranda ao PDT do Rio, avaliou que é possível chegar a um eventual acordo mais restrito, apenas com o União Brasil. Nesse caso, segundo o pedetista, há “critério” entre suas divergências programáticas. A sigla, que detém a maior fatia do fundo eleitoral, por sua vez, está mais próxima de um acordo com outras legendas que já lançaram pré-candidatos, casos do PSDB, com o governador de São Paulo, João Doria, e o MDB, com a senadora Simone Tebet (MS).

"Eu defendo um tipo de modelo tributário, eles (União Brasil) criticam e a gente conversa, mas dentro de um critério", disse o pedetista.

Ciro lembrou do apoio do PDT à candidatura de Bruno Reis à prefeitura de Salvador, em 2020, com apoio do então presidente do DEM, ACM Neto, hoje pré-candidato do União Brasil ao governo da Bahia. Neto é o atual secretário-geral da legenda, formada pela fusão de DEM e PSL.

O pedetista também citou apoios ao governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União), além de Ronaldo Caiado, atual governador de Goiás pelo mesmo partido. Ambos disputarão a reeleição em seus estados.

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, também comentou as conversas com o União Brasil e disse ter “alianças em estados estratégicos” com o partido. PDT e União estarão juntos, segundo ele, no Maranhão, na Bahia e, “provavelmente no Ceará”, além de Mato Grosso e Goiás.

Em meio às tentativas de ampliar as alianças de Ciro com siglas de centro, Lupi disse também contar com o apoio do PSD no Rio, através do prefeito Eduardo Paes, com quem tem boa relação. Paes havia acenado com um apoio ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, caso se filiasse ao PSD. Leite, contudo, afirmou ontem que permanecerá no PSDB.

"Claro que ele (Paes) tem que respeitar a questão partidária dele, o PSD ainda está em algumas negociações sobre uma candidatura própria. Mas aqui no Rio temos essa pretensão (de aliança) também", afirmou Lupi.