Bolsonaro diz que 'não serão dois ou três que decidirão como serão contados' votos das eleições
Apesar de não ter citado nomes, presidente tem histórico de ataques ao sistema de votação brasileiro
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quarta-feira (30), que "não serão dois ou três que decidirão como serão contados" os votos das eleições. Apesar de não ter citado nomes, Bolsonaro já levantou suspeitas infundadas contra o sistema de votação brasileiro e costuma criticar a atuação de dois ministros e um ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
— Podem ter certeza que, por ocasião das eleições, os votos serão contados no Brasil. Não serão dois ou três que decidirão como serão contados esses votos. Nós defendemos a democracia, nós defendemos a liberdade e tudo nós faremos, até com o sacrifício da própria vida, para que estes direitos sejam de fato relevantes e cumpridos em nosso país — disse Bolsonaro, durante evento em Parnamirim (RN).
Bolsonaro costuma atacar o presidente e o vice-presidente do TSE, ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, além do ex-presidente da Corte Luís Roberto Barroso, que deixou o tribunal no início do ano.
As falsas alegações de Bolsonaro sobre urnas eletrônicas já o tornaram alvo de dois inquéritos, sendo um no TSE e outro no Supremo Tribunal Federal (STF).
No ano passado, o presidente passou semanas colocando em dúvida a segurança das urnas eletrônicas. O ápice ocorreu em uma transmissão ao vivo, realizada em julho, na qual ele prometeu apresentar provas de fraudes. Entretanto, ele admitiu que tinha "indícios" e "suspeitas", a maioria deles baseados em vídeos antigos já desmentidos pelo TSE.
Bolsonaro usava as alegações para defender a adoção de um sistema de impressão de um comprovante do voto. Um projeto com esse teor, no entanto, foi rejeitado pela Câmara.
O presidente passou a moderar seu discurso após o 7 de Setembro. Depois de ameaçar não cumprir decisões de Alexandre de Moraes, Bolsonaro divulgou uma nota dizendo que as declarações ocorreram "no calor do momento".
O discurso em relação às urnas também foi suavizado, e o presidente passou a dizer que se sente mais seguro a respeito da lisura do modelo eleitoral com a participação das Forças Armadas no processo de auditoria das urnas. Isso, porém, já acontecia desde 2020, antes de Bolsonaro acusar, sem provas, de que o pleito poderia ser fraudado. O presidente, entretanto, mantém ataques esporádicos ao sistema eleitoral.
No evento desta quarta, Bolsonaro também voltou a repetir que a disputa na eleição deste ano será "bem contra o mal", e não entre esquerda e direita. Ele já havia dito isso durante evento de lançamento da sua pré-candidatura, no domingo.
— Cada vez mais a população quem está do lado do bem e quem está do lado do mal. A luta não é da esquerda contra a direita, mas é do bem contra o mal. E o bem sempre venceu. E dessa vez não será diferente, o bem vencerá. O bem está ao lado da maioria da população brasileira.