De Janja a Rosângela Moro: como as candidatas a primeira-dama estão se engajando na pré-campanha
Presidenciáveis têm apostado no engajamento de suas mulheres para atrair o eleitorado feminino
Apesar da corrida eleitoral começar oficialmente apenas em agosto, pré-candidatos à Presidência da República já estão colocando seus blocos na rua. Além de atos políticos, eventos públicos e inserções na TV, os principais presidenciáveis também vêm apostando no engajamento de suas respectivas mulheres nas pré-campanha tendo em vista principalmente atrair o eleitorado feminino.
A atual primeira-dama, Michelle Bolsonaro, deve começar em breve uma série de agendas políticas voltadas para promover o presidente Jair Bolsonaro (PL) e se manter no posto. Segundo publicou a colunista do GLOBO Malu Gaspar, a coordenação de campanha do chefe do executivo venceu sua resistência inicial e o convenceu a permitir que Michelle participe de forma mais ativa do esforço em busca da reeleição.
Um dos primeiros compromissos de Michelle é acompanhar a divulgação do "Brasil para elas", programa de empreendedorismo voltado para mulheres de baixa renda. Bolsonaro tem grande rejeição no eleitorado feminino e a presença de sua mulher na campanha é vista como estratégica para melhorar seu diálogo com essa parcela da população. A ideia é que Michelle viaje pelo Brasil acompanhando a agenda de eventos do governo relacionados às mulheres.
Noiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, também vem ganhando cada vez mais espaço na campanha petista. Na semana passada, ela apareceu na propaganda partidária do PT veiculada na televisão que teve como mote a participação de mulheres na política e nos governos petistas.
Filiada ao PT desde os anos 80, Janja tem acompanhado Lula em grande parte das agendas do ex-presidente. Durante a viagem do petista pelo Rio de Janeiro nos últimos dias, ela esteve em encontros do presidente com artistas e políticos. Blindada por seguranças, a socióloga evitou contato com a imprensa quando foi abordada.
No ato político ocorrido em Niterói durante o evento de comemoração do aniversário de cem anos do PCdoB, que reuniu algumas das principais lideranças de esquerda do país, Janja sentou ao lado do ex-presidente na primeira fileira. Durante seu discurso para a militância, Lula pediu para a noiva levantar em alguns momentos, ergueu seu braço e destacou a importância de sua presença ao seu lado.
Tentando furar a polarização entre Bolsonaro e Lula, as mulheres de Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro (Podemos) também vêm exercendo o papel de cabo eleitoral dos maridos. Talvez a mais atuante das candidatas a primeira-dama atualmente, Giselle Bezerra produz materiais de pré-campanha e aparece quase diariamente em fotos e vídeos do ex-governador do Ceará.
Produtora de TV, Giselle divide com o presidenciável do PDT a apresentação da live semanal batizada de “Ciro Games”, em que eles comentam notícias sobre política, economia e fazem entrevistas, numa linguagem voltada para as redes socias e o público jovem. Ciro também busca melhorar sua imagem entre o eleitorado feminino. O pedetista luta contra a pecha de machista por declarações feitas no passado, como em 2002, quando ele disse que a função na campanha de sua então mulher, Patrícia Pillar, era dormir com ele.
Já Rosângela Moro, mulher do ex-juiz e ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL), vem sendo cotada para disputar uma vaga de deputada federal por São Paulo. O Podemos, partido de Sergio Moro, vem incentivando a ideia e aposta que ela pode ser a “puxadora de votos" no estado na eleição para a Câmara.
Nesta semana, em um evento com apoiadores de Moro num clube no Rio de Janeiro, Rosângela discursou no palanque do marido, segundo publicou o “Poder360”. Ela exaltou as manifestações contra a corrupção ocorridas no passado, mas cobrou empenho da base do ex-juiz.
“Vocês, alguns anos atrás, lotaram essas ruas do Rio de Janeiro (...) mostrávamos a nossa indignação com tudo que estava acontecendo no nosso país”, disse Rosângela, segundo o portal, completando: “Hoje a pergunta que eu me faço é, a nossa indignação morreu? O que acontece que aquela indignação não está mais presente nos dias de hoje?”.