Com desistência de Doria, PSDB amarga gasto de R$ 10 milhões com prévias do partido
Custo contempla verba repassada aos candidatos para viagens e depesas com o aplicativo de votação que pifou durante a votação
Com a anunciada desistência do governador de São Paulo, João Dória (PSDB), a concorrer à Presidência da República, o PSDB teve um prejuízo aproximado de R$ 10 milhões com as prévias, cujo objetivo principal era definir quem seria o presidenciável da sigla em 2022.
O valor ainda deve ser declarado oficialmente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até junho e não foi plenamento pago. Isso porque há dentro do partido uma discussão jurídica se o PSDB deve pagar ou não pelo aplicativo de votação, que pifou na hora de registrar os votos e levou à suspensão temporária do pleito. Além da contratação extra de uma empresa de tecnologia e de cibersegurança, para concluir o processo das prévias, a legenda havia estimado um repasse de R$ 1,5 milhão para cada um dos três candidatos com o intuito de cobrir despesas com viagens e aluguel de imóveis para eventos partidários.
João Doria saiu vitorioso da disputa interna, que foi anunciada pela direção como uma espécie de "primárias americanas". Na manhã desta quinta-feira, no entanto, ele anunciou aos seus auxiliares que não pretendia mais concorrer à Presidência e que continuaria no comando do governo de São Paulo até 31 de dezembro, conforme a Coluna de Lauro Jardim. O anúncio gerou alvoroço dentro do PSDB, já que os dirigentes da sigla esperavam que ele renunciaria ao cargo hoje para dar lugar ao vice Rodrigo Garcia, que é pré-candidato ao governo paulista.
O valor de R$ 10 milhões vinha sendo alardeado pelo tesoureiro do PSDB, Cesar Gontijo, aliado de Doria, para cobrar "ética" da parte do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que após perder a disputa interna vinha cogitando sair do partido para se lançar à Presidência pelo PSD. O argumento levantado pelo pessoal de Doria era que as prévias só haviam acontecido, com um alto investimento de dinheiro e energia, porque o gaúcho se comprometera a permanecer na sigla se fosse derrotado.
O processo das prévias durou três meses, contou com três debates e foi encerrado num megaevento no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, que reuniu governadores, prefeitos, vices, senadores, deputados, dirigentes e a militância do PSDB.