MDB e União Brasil terão de avalizar Doria, diz presidente do PSDB
Um dia após manifestar apoio ao ex-governador de São Paulo, Bruno Araújo diz que endosso ao tucano terá que partir de 'consórcio' de partidos
Um dia após emitir uma nota endossando a candidatura de João Doria à Presidência da República, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, afirmou que o nome do governador licenciado pode ser retirado em favor de outro com mais condições de disputar o Planalto.
"Isso vai afunilar no momento apropriado. O caminho a ser dado será o da sensatez para encontrar um nome nesse conjunto de alianças políticas, nesse conjunto de partidos, que melhor ofereça ao país. O PSDB oferece a sua alternativa, mas definiremos de forma coletiva", declarou Araújo.
Segundo Araújo, os quatro partidos vão começar a conversar a partir da semana que vem para comecar a estipular os critérios para a definição do nome. Ele mencionou pesquisas eleitorais e qualitativas como algumas condições a serem analisadas.
"A candidatura do PSDB está contida num acordo maior. O que antecede é um acordo político de um grande consórcio político, com União Brasil e MDB. Essa candidatura sai de algo além do PSDB. É nessa construção que estamos dedicados. Com União Brasil, PSDB, MDB, Cidadania, num outro momento, eventualmente o Podemos, vamos encontrar quem é o candidato que aglutina as suas forças. Cada um vai fazer seu movimento", disse o tucano.
Ele afirmou que a carta publicada na quinta-feira (31) endossando a candidatura de Doria à Presidência foi feita para "garantir estabilidade interna" no partido, uma vez que movimentos do ex-governador gaúcho Eduardo Leite acenavam para uma articulação visando minar o projeto do paulista.
Questionado sobre Leite, adversário de Doria nas prévias internas, ter marcado encontro com Sergio Moro, que desistiu da disputa pela Presidência na quinta-feira, Araújo afirmou ver essa conversa com naturalidade. E disse ainda ter visto a atitude de Leite de se licenciar do cargo como "decente", e que o gaúcho vai continuar se habilitando para "qualquer chamamento".
"Numa democracia, ninguém impede um político de se movimentar. Um político que não se movimenta, você acredita que ele morra, né?".
O ex-presidente da Câmara dos Deputados e atual secretário de Projetos e Ações Estratégicas do governo de São Paulo, Rodrigo Maia, confirmou sua filiação ao PSDB nesta sexta-feira. O evento contou com a presença de Doria, Araújo, Marco Vinholi (presidente estadual do PSDB), o deputado federal Alexandre Frota e dirigentes paulistas.
Doria foi perguntado se as reviravoltas da quinta-feira não teriam enfraquecido o PSDB e irritado correligionários e comparou a legenda a uma família.
"(Como) numa família, você não tem unidade todos os dias, e nem por isso você deixa de compor um lar", afirmou Doria.
Ex-dirigente do DEM, hoje fundido ao PSL e tornado União Brasil, Maia defendeu que o PSDB deveria se reconhecer um partido de direita. Ele criticou o partido por não ter assumido essa posição quando foi tirado do centro ideológico durante do governo de Fernando Henrique Cardoso.
Em seu discurso, Maia declarou que o PSDB cometeu o erro de posicionar como de centro, e que o papel do partido é tentar recuperar os eleitores de direita que votaram em Bolsonaro em 2018.
"Nós não somos de centro. O sistema é binário. Não há terceira via, não há centro. O PSDB cometeu um erro de não compreender que após o governo Fernando Henrique, quando o PT nos colocou mais à direita, nós não assumirmos essa posição na sociedade", afirmou Maia.