Fortes chuvas deixam oito mortos e dezenas de desaparecidos em cidades do Rio de Janeiro
Já no local mais atingido de Angra, onde foram registrados 655 mm de chuva em 48 horas, 13 pessoas ainda são procuradas
Oito pessoas morreram em decorrência da tempestade que atinge diferentes regiões do estado do Rio de Janeiro desde a noite de quinta-feira. Seis mortes, de uma mãe e cinco filhos, foram confirmadas pela Prefeitura de Paraty.
As outras duas mortes foram informadas pelo Corpo de Bombeiros: uma criança de quatro anos em Angra dos Reis, também no Sul Fluminense, e um homem em Mesquita, na Baixada. Na região da Costa Verde, há ainda desaparecidos.
Num desabamento em Paraty, na Costa Verde, morreram a mãe, identificada como Lucimar, e cinco de seus seis filhos são as vítimas: João, 2 anos, Estevão, 5 anos, Yasmim, 8 anos, Jasmin, 10 anos, Luciano, 15 anos.
A casa onde eles estavam é uma das sete atingidas, no bairro de Ponta Negra, em decorrência da forte chuva que atinge a região desde quinta-feira. Uma criança, da família dos mortos, sobreviveu e foi encaminhada para o hospital de Praia Brava.
As informações foram confirmadas pela Prefeitura de Paraty. Há outras quatro pessoas feridas, de outras famílias, mas sem gravidade. Equipes dos Bombeiros e da Defesa Civil estão no local apoiando as ações de resgate.
Já no local mais atingido de Angra, no bairro Monsuaba, onde foram registrados 655 mm de chuva em 48 horas, 13 pessoas ainda são procuradas – uma criança de quatro anos foi encontrada morta. Pelo menos quatro residências foram atingidas por deslizamentos de terra no local.
A Defesa Civil foi acionada e cinco pessoas foram resgatadas - três pelos bombeiros e duas pelo SAMU. Todas foram levadas ao Hospital de Japuíba. Angra dos Reis está em alerta máximo devido ao volume histórico de chuva registrado nos últimos dois dias.
Na Ilha Grande, também no município de Angra, choveu 592 mm. Os bombeiros estão trabalhando em busca de três vítimas na região da Praia Vermelha. Segundo moradores, um pai e dois filhos estão desaparecidos na Praia de Itaguaçu. O local é de difícil acesso, só é possível chegar pelo mar.
Em Paraty, de acordo com a prefeitura, 22 bairros foram atingidos por alagamentos e outras ocorrências ligadas às chuvas. São 71 famílias desalojadas até o momento. Desde quinta-feira, foram registrados mais de 300 mm de chuva. Cerca de 60 moradores dos bairros Condado, Patrimônio e Ilha das Cobras estão desalojados e foram para abrigos. Já em Angra dos Reis, 15 pessoas estão em abrigos.
Na Baixada Fluminense, na Região Metropolitana do Rio, Daniel Ribeiro, de 38 anos, morreu devido ao temporal no município de Mesquita. O Corpo de Bombeiros informou que foi por volta da meia-noite e meia. A Defesa Civil informou ao G1 que a causa da morte teria sido uma descarga elétrica no Centro. Ainda de acordo com o portal, o homem estava tentando salvar uma pessoa quando acabou levando uma descarga elétrica em um poste de iluminação.
Os municípios da Baixada estão ainda com as ruas completamente alagadas e a água chegou a entrar na casa de moradores. Em Belford Roxo, 300 pessoas ficaram desalojadas. Em Nova Iguaçu a situação não foi diferente. Carros chegaram a cair dentro de um canal devido ao volume das chuvas.
A prefeitura de Belford Roxo informou que houve deslizamentos nos bairros Shangrilá e Santa Maria. Na Vila Pauline foram registrados dois desabamentos, mas sem vítimas. O município teve 180 pontos de alagamento e choveu 228 milímetros em apenas duas horas.
Também em Nova Iguaçu, a água chegou a entrar nos corredores do Hospital Estadual Dr Ricardo Cruz (HERCruz), em Nova Iguaçu. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que não houve danos aos pacientes e nem a equipamentos no local e que equipes da unidade do hospital já estão retirando a água e limpando o local. Nenhum paciente precisou ser transferido até o momento.
A cidade do Rio está em estágio de atenção desde 9h25. Sem previsão de obras que minimizem os impactos dos temporais na cidade, a prioridade da prefeitura para enfrentar a situação tem sido a interdição de vias com histórico de alagamento para evitar que motoristas e pedestres sejam pegos de surpresa e fiquem ilhados. Foi o que explicou o prefeito Eduardo Paes em entrevista ao GLOBO no Centro de Operações:
- Ontem, na rua Jardim Botânico, por exemplo, a altura da água chegou a 1,10 metro. E podemos diminuir os impactos fechando a via com antecedência, o que evitou que as pessoas ficassem engarrafadas com os carros cheio d’água. Houve o alagamento, mas não teve nenhum outro transtorno em consequência disso.
Até o início da tarde deste sábado, os bombeiros receberam mais de 700 chamados em todo o estado do Rio de Janeiro por ameaças de desabamento, deslizamento e alagamento.