Petrobras

'Tem que pegar um arcebispo para ser diretor da Petrobras?', ironiza Arthur Lira

Presidente da Câmara se manifesta sobre impasse na indicação do cargo e desistência de Adriano Pires

Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PL-AL) - Divulgação

Crítico das últimas gestões da Petrobras, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), defendeu nesta segunda-feira (4) a mobilização do presidente Jair Bolsonaro para indicar o economista Adriano Pires, de quem é próximo, para o cargo mais importante da empresa, a presidência da companhia. Irritado com os obstáculos para indicação, Lira chegou a sugerir que apenas um “arcebispo” poderia ser alçado ao posto.

Em entrevista ao GLOBO, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que Pires era a pessoa "mais adequada" para estar à frente da estatal, pois tem uma “interlocução muito grande com o Congresso Nacional, com o próprio Executivo e com a própria mídia”. O economista, de fato, possui boa interlocução com o Centrão.

Em encontro realizado pelo site “Jota”, o presidente da Câmara tratou como “falso moralismo” o debate sobre conflito de interesses que levou Pires a desistir do cargo.

O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, também abandonou a pretensão de ser indicado à presidência do conselho de administração da petroleira por motivo semelhante.

Ao lado do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, Lira tratou do assunto nesta segunda-feira.

"Hoje eu estava comentando aqui com o ministro (Gilmar Mendes): a pauta da imprensa e talvez do Ministério Público é condenar o possível presidente da Petrobras porque prestava assessoria a um grupo empresarial. Se eu sou da atividade privada, eu não posso trabalhar para nenhum grupo empresarial? Eu não posso prestar serviço? Eu não posso ter trabalhado e isso vai me prejudicar nas minhas decisões lá na frente?", questionou.

O presidente da Câmara argumentou em seguida que a escolha ficaria restrita a pessoas sem experiência no assunto.

"Quer dizer, você tem que pegar um funcionário público para ser diretor da Petrobras? Ou pegar um arcebispo para ser diretor da Petrobras? Um almirante, um coronel? Não, você tem que colocar alguém que entenda de petróleo e gás. Alguém que entenda do setor, que vá ser julgado dali para frente sobre suas ações. A gente tem um falso moralismo, um julgamento precipitado, uma versão nas ações que só atrapalham o nosso país", disse.

Após Adriano Pires informar ao Palácio do Planalto ter desistido de ocupar a presidência da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro ainda tenta reverter a decisão e salvar a indicação do economista para o cargo.

Pires não fez ainda qualquer comunicado formal ao governo. Não enviou até agora uma carta desistindo da indicação, por exemplo. Mas já avisou a ministros que não teria como assumir o cargo por conflitos de interesses em decorrência das empresas para as quais ele prestou serviços.

Adriano Pires havia sido indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para o cargo na semana passada, para substituir o general Joaquim da Silva e Luna. No domingo, Rodolfo Landim já havia declinado do convite para o cargo de presidente do Conselho de Administração.

Bolsonaro está no Rio, sede da empresa, acompanhado de ministros como Bento Albuquerque, de Minas e Energia. Em nota divulgada na tarde desta segunda-feira, o Palácio do Planalto e o Ministério de Minas e Energia informaram que não receberam nenhum comunicado oficial de Adriano Pire