Economia

'Xerife' do mercado, indicado para CVM é amigo de infância de Flávio Bolsonaro

Advogado João Pedro Barroso do Nascimento admite ligação com senador, mas diz que não foi isso que pesou para escolha de seu nome

Flávio Bolsonaro - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro indicou o advogado João Pedro Barroso do Nascimento para a presidência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Barroso é amigo de infância do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente. A indicação, que precisa ser aprovada pelo Senado, foi publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial da União (DOU).

Caso seja aprovado, Nascimento vai substituir Marcelo Barbosa, que fica no cargo até 14 de julho.

Ao GLOBO, o advogado confirmou conhecer Flávio e admitiu que o senador pode ter participado do processo de indicação, mas disse que isso não foi determinante.
 

— Eu imagino que ele tenha participado. (Mas) A escolha é do Ministério da Economia, não é de ninguém do Planalto — afirmou Nascimento, que ressaltou sua formação e atuação profissional. — Não tenho a menor dúvida que o que pesou foi isso (meu currículo).

Depois, por mensagem, o advogado afirmou que "não integra nenhum partido político, não tem nenhuma pretensão política e está indo desempenhar um trabalho técnico, livre de quaisquer conflitos".

Nascimento acrescentou que "vem se preparando há mais de 20 anos para esta oportunidade, com experiência técnica e prática, com mestrado e doutorado pela USP além de mais de 13 anos de docência e 19 anos de advocacia".

O indicado é professor de Direito da FGV-Rio e está à frente do escritório JPN Advogados. É mestre e doutor em Direito Comercial pela Universidade de São Paulo (USP). Com experiência em direito empresarial e ênfase em societário, Nascimento também representa clientes em arbitragens e processos administrativos na CVM, Banco Central e Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN).

Ele também é membro da Comissão Especial de Direito Societário da OAB Federal e autor de livros como “Medidas Defensivas à Tomada de Controle de Companhias” e “Assembleias Digitais e Outros Reflexos da Tecnologia nas Assembleias de S/A”.

A assessoria de Flávio Bolsonaro foi procurada para comentar se o senador influenciou na indicação, mas ainda não retornou. Questionado, o Ministério da Economia informou que a dúvida deveria ser direcionada à CVM.

Também foram publicadas no DOU outras 20 indicações, sendo duas delas para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e as restantes para as diretorias de oito agências reguladoras. Todas essas indicações também precisam passar pelo Senado.

Para o Cade, o advogado Victor Oliveira Fernandes foi indicado como conselheiro. Atualmente ele é chefe de gabinete do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Juliana Oliveira Domingues, assessora especial do Ministério da Justiça, foi indicada para ser procuradora-chefe da Procuradoria Federal Especializada junto ao conselho.

A agência com mais indicações foi a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Foram sugeridos cinco nomes, incluindo o de Sandoval de Araújo Feitosa Neto, que já é diretor, para ocupar a diretoria-geral.