A força dos pernambucanos no "The Voice +"
Além da campeã Vera de Maria Maga, outras vozes de Pernambuco integraram edição do reality
Regendo um triângulo, um dos instrumentos pedestais que forma o pé de serra, Vera de Maria Maga foi parte integrante de um trio de forró em Petrolina, no Sertão do Estado. Os primeiros passos na música dados ao lado do tio conhecido como Chico da Onça, aos nove anos de vida, foi o pontapé inicial para, pouco mais de cinco décadas depois, aos 61, consagrá-la como a melhor voz do Brasil no global "The Voice +" no último domingo.
Programa renovou sonhos
E tal qual os demais participantes do reality musical – pensado com o propósito de trazer à tona talentos da chamada boa idade – Vera entrou no programa com o desejo de renovar sonhos com o seu fazer artístico de cantar. E assim o fez, como vencedora que, em breve, será a mais nova contratada da gravadora Universal Music.
“A felicidade é grande e eu não sei nem decifrar”, adiantou-se ela, antes mesmo de ouvir do apresentador do programa André Marques, que tinha sido a escolhida do público para erguer o troféu.
E foi novamente com o forró que a pedagoga aposentada garantiu o seu ingresso no palco. Afagada por Toni Garrido, que virou a cadeira para ela e mal sabia que semanas depois o ato iria levá-lo a ser o técnico campeão do programa, em sua estreia como jurado, Vera deu sua versão à clássica “Esperando na Janela”, composição de Raimundinho do Acordeon, Targino Gondim e Manuca Almeida, conhecida na voz de Gilberto Gil.
A partir de então, o caminho que culminaria para o (re)encontro consigo mesma, como cantora, estava prestes a bater à sua porta décadas depois de ter transitado em espaços menos abrangentes, mas nem por isso menos importantes para levá-las a ser conhecida nacionalmente, tornando-a campeã do Brasil.
Pernambuco no "The Voice +"
Além de Vera de Maria Maga, outros nomes de Pernambuco marcaram presença no elenco da edição 2022 do reality "The Voice +". A exemplo de Jozenaldo Pereira, 63, o “Alucinado dos Teclados” que, de Camaragibe, Região Metropolitana do Recife (RMR), chegou até a semifinal no time de Fafá de Belém.
O reality também abraçou duas outras vozes genuinamente “da terra”: Junio Vieira, 70 anos, de Brejo da Madre de Deus, Agreste do Estado, cujo rol de talentos é extenso: aboiador, repentista, cordelista, poeta, cantor e compositor.
Já Arlindo Moita, 78 anos, natural de São Lourenço da Mata, também na RMR, virou todas as cadeiras em meio à irreverência de sua cantoria em “É Proibido Cochilar”. “Foi a maior realização de minha vida, ter participado do programa”, confessou ele, em conversa com a Folha de Pernambuco.
Indagado sobre a oportunidade de um recomeço de carreira por ter estado no reality, o caminhoneiro aposentado foi enfático ao declarar que considerou um começo de tudo em sua vida, inclusive como artista.
“Menina, eu cantei para o mundo”, bradou, com ares de felicidade, Arlindo Rosa da Silva, assumidamente fã de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, nomes que lhe eram audíveis desde os oito anos de idade, época em que já cortava cana e arava a terra, para nas horas vagas ouvir o rádio que precariamente em meio ao canavial do Engenho Tiuminha, em São Lourenço, tocava os forrós que ele admirava.
“Não sei se era São João ou São Pedro, mas lembro da fogueira acesa na casa de minha avó. De longe eu olhava e achava aquilo bonito, e ficava escutando tocar no rádio ‘Oia a paia do coqueiro quando o vento dá’, contou Moita, com brilho nos olhos, o mesmo que decerto esbanjava nos tempos em que soltava o facão e a enxada para se deleitar com a sonoridade mais nordestina de todas: o forró.