Brasília

Indígenas acampam em Brasília contra Bolsonaro

Representantes de diversos povos indígenas ocuparam área descampada na região central da capital, próximo ao Palácio do Planalto

Milhares de indígenas estão acampados nesta semana em Brasília - Carl de Souza / AFP

Milhares de indígenas estão acampados nesta semana em Brasília para reivindicar seus direitos e protestar contra o governo de Jair Bolsonaro, que tenta avançar com a exploração econômica de seus territórios.

Com seus cocares coloridos de penas, cachimbos e danças tradicionais, representantes de diversos povos indígenas ocuparam nesta terça-feira (5) uma área descampada na região central da capital, a cerca de 4 km do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.

O barulho dos chocalhos e o canto dos integrantes do povo Maguta-Tikuna, do estado do Amazonas, se misturava com gritos de "Viva a Amazônia! Fora Bolsonaro!" que emanavam de uma das barracas onde integrantes de diferentes etnias indígenas debatiam.

"Viemos aqui para dizer ao governo federal que pare com a ameaça aos nossos territórios", disse à AFP Sinésio Trovão, liderança da etnia Maguta-Tikuna, um dos maiores povos indígenas do Amazonas.

O acampamento anual Terra Livre teve as últimas duas edições suspensas por causa da pandemia.

'Não ao garimpo, à grilagem e ao roubo de madeira em terras indígenas', dizia uma bandeira que exibida por um movimento indígena de Rondônia, enquanto centenas homens marchavam em fila debaixo de um sol escaldante, dançando e cantando em sua língua originária. 

Bolsonaro chegou ao poder em 2019 com a promessa de não demarcar "nem mais um centímetro" de terra para os indígenas.

Também prometeu abrir as reservas existentes, já muito afetadas pelo desmatamento, o garimpo ilegal e o comércio ilegal de madeira, as atividades extrativistas.

Apoiado por seus aliados do agronegócio no Congresso, o Executivo está tentando acelerar vários projetos considerados prejudiciais para os indígenas e o meio ambiente, entre eles um que busca legalizar o garimpo nas reservas.

"Nós precisamos de respeito. O governo tem que consultar os povos para definir o futuro dos territórios", acrescentou Trovão, que associou a retórica do presidente às crescentes invasões de pescadores, madeireiros e exploradores ilegais de metais que disse ter sofrido em sua terra.

"Estamos aqui contra o PL 191 [projeto de lei que permite a exploração do garimpo em terras indígenas]", disse Bep Ko, cacique do povo Xikrin, do estado de Pará.

"Viemos aqui para lutar... a Amazônia não pode morrer".