Monique, mãe do menino Henry, coloca a tornozeleira eletrônica
Mãe do menino, que foi morto no ano passado, saiu da cadeia na noite desta terça-feira
Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, de 4 anos, colocou a tornozeleira eletrônica no fim da manhã desta quarta-feira (6). Ela deixou o presídio Santo Expedito, em Bangu, no Rio de Janeiro, por volta das 21h dessa terça-feira, após decisão da juíza Elizabeth Machado Louro, da 2ª Vara Criminal.
A magistrada determinou que Monique seja monitorada por tornozeleira eletrônica e fique em local diferente dos usados antes, com o novo endereço permanecendo "em sigilo e acautelado em cartório". Foi concedido prazo de cinco dias para instalar o equipamento ao comparecer à Coordenação de Monitoramento Eletrônico.
A magistrada também proibiu "qualquer comunicação com terceiros — com exceção apenas de familiares e integrantes de sua defesa —, notadamente testemunhas neste processo, seja pessoal, por telefone ou por qualquer recurso de telemática". Monique também estará impedida de realizar quaisquer postagens em redes sociais, "sob pena de restabelecimento da ordem prisional".
Ela estava atrás das grades há praticamente um ano, desde 8 abril do ano passado, quando também foi preso o ex-vereador Jairo Santos Souza Júnior, o doutor Jairinho, padrasto da criança. Jairinho, porém, continuará preso. Monique estava presa no Instituto Penal Santo Expedito, que faz parte do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. A liberdade iminente revoltou o engenheiro Leniel Borel, pai de Henry:
— É inacreditável. A Monique é tão culpada pelos crimes quanto o Jairo. Iremos utilizar de todos os meios legais para recorrer dessa decisão — disse ele ao Globo.
Por outro lado, Machado Louro frisa, na mesma decisão, que Jairinho encontra-se em "situação diametralmente oposta" à de Monique. Na avaliação da juíza, "a defesa insiste em adiantar razões de mérito, cuja apreciação não tem sede nem momento processual adequado nesta fase". Ela reforça, então, que os advogados do ex-vereador estariam repetindo-se "em questões já decididas, inclusive em instância superior, e, portanto, inteiramente superadas, sobre as quais nada há a prover ou decidir".
Procurados pelo Globo, os advogados Cláudio Dalledone e Flávia Fróes, que representam o ex-vereador, afirmaram que consideram a soltura de Monique "uma vitória", já que "a defesa de Jairinho sempre sustentou a inocência de ambos e a falta de materialidade que pudesse implicar os dois na trágica morte do menino". A nota prossegue alegando que a "decisão é praticamente uma impronúncia de Monique, uma vez que a juíza ressalta que 'não há nos autos nenhuma indicação concreta de que a requerente (Monique) tenha visto sequer qualquer dos atos violentos'". Por fim, os advogados acrescentam que os "argumentos utilizados pela juíza para determinar a soltura de Monique" serviriam, igualmente, para o ex-vereador, "embora ainda tramite na Justiça um embargo da ação de suspeição contra a referida magistrada".
O promotor Fábio Vieira, por entender que ainda há motivos que justifiquem a prisão preventiva de Monique e Jairinho, informou que irá recorrer da decisão da juíza Elizabeth Machado Louro, titular do II Tribunal do Júri. Na semana passada, ele se manifestou no sentido de entender que o problema pelo qual o casal é réu é complexo, contando com mais de quatro mil folhas, e de imensurável repercussão e que não se verifica qualquer inércia da magistrada que justificasse a soltura.
Na manifestação, Fábio Vieira explicou que "os prazos processuais não são absolutos e devem ser avaliados de acordo com o princípio da razoabilidade, levando-se em consideração as peculiaridades de cada caso concreto". O promotor ressaltou que, diante do reinterrogatório de Jairinho, a própria defesa da professora pediu que ela fosse também interrogada novamente, não podendo então agora "se insurgir contra a dilação da instrução probatória quando a própria concorreu para isto".
"Trata-se de fato gravíssimo, sendo certo que a acusada Monique, mãe da vítima de tenra idade, contando com apenas 4 anos de idade quando dos fatos, concorreu para a sua brutal morte", frisou o promotor, citando ainda que ela, durante 11 ininterruptas horas, em 9 de fevereiro, "fez uso do seu interrogatório para exercer a sua autodefesa e ventilar a sua versão sobre os fatos, descabendo onerar o Estado pela estratégia defensiva adotada".