Vice-presidente

'Opinião é opinião', diz Mourão sobre ideia de Lira de mudar a Lei das Estatais

'Entre a opinião do presidente da Câmara e o que pode acontecer, existe um espaço tão grande quanto o céu e a terra', afirma o vice-presidente

Hamilton Mourão, vice-presidente - Romério Cunha/VPR

O vice-presidente Hamilton Mourão desconversou nesta quarta-feira (7) ao ser questionado se concorda ou não com a ideia do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de revisar a Lei das Estatais.­ Mas destacou que o desfecho pode ser bem diferente do que pretende Lira. Na terça-feira, o presidente da Câmara afirmou que, após as desistências dos nomes indicados para a presidência da Petrobras e do conselho administrativo da estatal, o Congresso deveria se debruçar sobre a Lei das Estatais e defendeu a possibilidade de privatização da empresa.

— Entre a opinião do presidente da Câmara e o que pode acontecer, existe um espaço tão grande quanto o céu e a terra. Opinião é opinião — disse Mourão nesta quarta.

Indagado sobre a indicação de Caio Paes de Andrade, assessor do ministro da Economia, Paulo Guedes, para o cargo de presidente da estatal, Mourão lembrou que ele, embora seja um gestor, não tem experiência na área de óleo e gás.

— Ele não tem experiência nessa área de óleo e gás. Ele tem uma experiência como gestor, mas não especificamente nesta área — disse Mourão, acrescentando: — É a mesma coisa que você botar um advogado para comandar o Exército, vai dar problema.

Mourão também falou sobre a possibilidade de o atual presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Lina, que está de saída do cargo. Questionado se Silva e Luna, com quem o presidente Jair Bolsonaro está descontente, aceitaria ficar mais um pouco no cargo, o vice-presidente da República respondeu:

— O general Silva e Luna é um cara que cumpre missão. Não vai abandonar o barco se não tem ninguém para substituí-lo.

Bolsonaro decidiu afastar Silva e Luna do comando da estatal, mas ainda não encontrou um substituto. Isso porque o indicado, Adriano Pires, desistiu da função na segunda-feira, um dia depois de Rodolfo Landim, indicado para a presidência do Conselho de Administração, também desistir do cargo. Pires justificou a decisão por dificuldades para encerrar sua consultoria, que existe há 20 anos e cujo sócio é seu filho, “a tempo” de assumir a Petrobras.

No trabalho como consultor, Pires manteria ligação forte com companhias que, muitas vezes, têm interesses contrários aos da estatal. Entre os clientes está o empresário e sócio de distribuidoras de gás Carlos Suarez, que é também amigo de Landim. Outros clientes do consultor incluem a Abegás, associação do setor, e a Compass, concessionária de gás do empresário Rubens Ometto e diversas outras empresas de óleo e gás.