Opinião

A vacina da pólio está em dia?

Atualizar o calendário vacinal é urgente e necessário para uma sociedade mais saudável, consciente e protegida. A honesta preocupação das pessoas em se infectar com o vírus da covid-19 , gerou, nos últimos anos, um certo desleixo com o calendário vacinal geral, o que trouxe de volta para o sinal de alerta a possibilidade de doenças já erradicadas no país voltarem a circular, como a poliomielite. 

A poliomielite, popularmente conhecida como paralisia infantil, foi erradicada no Brasil em 1994, segundo a OMS, após grande campanha de vacinação em massa. Entretanto, as taxas de imunização contra a poliomielite estão em queda: em 2015, por exemplo, a cobertura vacinal da poliomielite em crianças de menos de um ano de idade era de 98,29% no Brasil, enquanto em 2020, último ano de divulgação da pesquisa, chegou em apenas 75,81%, segundo a Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI/DT). 

Recentemente, em março de 2022, em Israel, após mais de 30 anos, já foram reportados 7 casos de paralisia flácida causada pelo poliovírus em crianças não vacinadas. O vírus foi encontrado em amostras de esgoto na área, logo após um surto no Malawi, África, ligado a uma cepa que circula no Paquistão. Uma investigação epidemiológica foi aberta para avaliar a cobertura vacinal na região e a cepa, que seria uma mutação da cepa selvagem, a mais perigosa. A doença permanece endêmica em dois países: Afeganistão e Paquistão.

Enquanto houver uma criança infectada, crianças de todos os países correm o risco de contrair a poliomielite. Se a doença não for erradicada, podem ocorrer até 200 mil novos casos no mundo, a cada ano, dentro do período de uma década. Em um mundo altamente interligado, esses agentes podem atravessar fronteiras geográficas e infectar qualquer pessoa que não esteja protegida.

Embora ocorra com maior frequência em crianças, a pólio pode ocorrer também em adultos que não foram imunizados. Por isso é fundamental ficar atento às medidas preventivas, como lavar sempre bem as mãos, ter cuidado com o preparo dos alimentos e beber água tratada.

 A vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite.Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas conforme o esquema de vacinação da rotina e na campanha nacional anual. Programas de vacinação bem-sucedidos, assim como as sociedades bem-sucedidas, dependem da cooperação de cada indivíduo para assegurar o bem de todos.

O Hope Vacinas, serviço recém-inaugurado no Hospital de Olhos de Pernambuco - Hope, chega com olhares para o pós-pandemia, pensando em evitar que doenças já erradicadas no país e mundo, como poliomielite e sarampo, por exemplo, retornem. O Hope Vacinas já está em funcionamento na unidade Ilha do Leite com cerca de 20 vacinas, incluindo a da pólio.


*Pediatra; Infectologista; consultora em vacinas e responsável técnica do Hope Vacinas.



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