Cultura digital: o futuro é agora!
Desde a virada do século que especialistas falam sobre o “futuro digital”. Já estamos nele! E nesse futuro digital estão incluídas duas áreas importantes da cultura, a literatura e a arte. A internet tem se constituído como um espaço para ambas. E a facilidade de acesso é o principal impulsionador. O Museu do Homem do Nordeste (Muhne) da Fundação Joaquim Nabuco, por exemplo, entrou em fevereiro deste ano no Google Arts & Culture. E desde então pessoas de mais de 20 países dos cinco continentes já visitaram o Muhne virtualmente: australianos, franceses, mexicanos e tunisianos, só para citar alguns.
Assim como o Google Arts & Culture, outras plataformas estão à disposição das organizações culturais para que aumentem sua presença online. A Fundação vai se debruçar sobre esse assunto, com a realização da Edição da III Festa Digital do Livro, em abril. Com o tema “Painel Literário, Arte Digital e Novas Ferramentas”, o evento será realizado por meio de um site, com reverberação nas redes sociais da Fundaj, como Youtube, TikTok, Instagram e Twitter -, ferramentas disponíveis para serem utilizadas na difusão do livro, da literatura, da leitura e das artes.
A Festa Digital abordará tópicos como “Literatura e a era digital”, “ Arte Digital - NFT” e “Novas ferramentas tecnológicas a favor da literatura e das artes”.
Para trazer esses assuntos à tona, nomes como João Cândido Portinari, Ph.D. pelo Massachusetts Institute of Technology, e Afonso Borges, que é jornalista, gestor cultural e escritor, criador do “Fliaraxá” (Festival Literário de Araxá) e do “Flitabira” (Festival Literário de Itabira). O painel que reunirá esses três nomes ampliará o debate sobre a realidade dos mundos físicos e virtuais para os escritores, os artistas, os acadêmicos e os pesquisadores ampliarem seus saberes.
Quando nos voltamos para o mercado das criptoarte, tema que também será debatido no evento, vemos um novo conceito que está contribuindo para que artistas em todo o Mundo comercializem sua arte. Para isso, utilizam a tecnologia blockchain, uma assinatura digital que é conectada a uma arte digital produzida por eles, seja ela uma pintura, uma fotografia, uma música ou uma figura abstrata. Arte produzida por pessoas como o norte-americano Mike Winkelmann, que vendeu uma coleção digital por milhões de dólares na casa de leilões Christie's em março do ano passado, quebrando recordes no mundo da arte digital.
Fatos como esse apontam que estamos em um caminho sem retorno. A internet se mostra a cada dia um espaço somador de talentos. Nele, artistas, professores, escritores, pesquisadores e quem vive da comercialização da cultura encontraram um meio para chegar a mais gente e com mais agilidade. Esse processo de renovação traz vitalidade para todos os campos. E, o mais importante, não elimina as relações humanas. As visitas presenciais aos museus e galerias, as idas às livrarias e os saraus literários permanecem.
*Presidente da Fundação Joaquim Nabuco
- Os artigos publicados nesta seção não refletem necessariamente a opinião do jornal. Os textos para este espaço devem ser enviados para o e-mail cartas@folhape.com.br e passam por uma curadoria para possível publicação.