CONFLITO

Advogado palestino morre durante operação militar israelense na Cisjordânia ocupada

Testemunhas disseram à AFP que Assaf foi baleado por soldados israelenses após ter levado seus sobrinhos à escola

Arquivo/AFP

Um advogado palestino morreu nesta quarta-feira (13) na cidade de Nablus no quinto dia de operações militares israelenses na Cisjordânia ocupada para prender os suspeitos vinculados aos recentes ataques na cidade de Tel Aviv.

"Muhammad Hassan Muhammad Assaf, de 34 anos, morreu depois de ser atingido por um tiro no peito por parte do exército de ocupação israelense durante um ataque na cidade de Nablus", afirmou o ministério da Saúde palestino. 

Testemunhas disseram à AFP que Assaf estava na beira de uma estrada, após ter levado seus sobrinhos à escola, quando foi baleado por soldados israelenses.

Mohammad Assaf "era um defensor feroz de seu povo", disse a Comissão de Resistência à Colonização e ao Muro, uma entidade da Autoridade Palestina para a qual trabalhava.

O exército de Israel não comentou a informação até o momento, mas anunciou algumas horas antes que suas tropas efetuavam "operações contraterroristas" em Nablus e outras cidades da Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967.

Questionado pela AFP, o exército não respondeu se abriu fogo diretamente contra Assaf.

O exército alega que seus militares estavam em Nablus para proteger as obras de reparação do suposto túmulo de José, filho do patriarca Jacó, que foi vandalizado esta semana.

O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, afirmou no domingo que "não permitirá um ataque semelhante contra um local sagrado às vésperas da Páscoa judaica".

Confrontos 
Na segunda-feira, dois israelenses foram baleados ao entrar na cidade de Nablus. Um deles afirmou à rede israelense Kan que quis inspecionar o túmulo de José, que é também um local de peregrinação.

O túmulo é palco de confrontos recorrentes entre israelenses e palestinos e já foi parcialmente destruído durante a Segunda Intifada, uma revolta palestina no início dos anos 2000, e depois incendiado em 2015. A Autoridade Palestina o considera o local onde o xeque Yussef Dweikat, uma figura muçulmana local, foi enterrado há dois séculos.

O serviço médico do Crescente Vermelho informou que 31 pessoas ficaram feridas na área de Nablus e em uma cidade próxima. Dez pessoas foram atingidas por tiros de munição letal.

O exército israelense intensificou as operações e detenções na Cisjordânia após quatro ataques no país nas últimas três semanas.

Desde 22 de março, Israel sofreu quatro atentados, os dois primeiros perpetrados por árabes israelenses vinculados à organização jihadista Estado Islâmico (EI) e os dois últimos por palestinos naturais da região de Jenin. Os atentados deixaram um total de 14 mortos. 

Durante o mesmo período, as tropas do Estado hebreu mataram 16 palestinos, incluindo os autores dos ataques, segundo um balanço da AFP.