Semana Santa

Semana Santa: confira dicas para escolher pescados no Recife

No mercado São José, a procura por peixes foi intensa

Procura pelo peixe para a semana santa no mercado São José - FOTO: Melissa Fernandes // Folha de Pernambuco

Durante a Semana Santa e Páscoa, os alimentos mais procurados são os peixes, camarões e pescados em geral, que substituem outros tipos de carnes nas refeições.

No Recife, o Mercado de São José teve uma movimentação intensa nesta quarta-feira (13), com várias pessoas à procura dos melhores pescados. A higiene e qualidade dos peixes é essencial para a saúde dos consumidores e para assegurar essa segurança na hora de se alimentar, a Vigilância Sanitária vem reforçando a fiscalização.

De acordo com a gerente de Vigilância Sanitária do Recife, Daniele Feitosa, as ações de fiscalização vêm sendo realizadas com mais força desde uma semana antes da Semana Santa e têm a intenção de proteger os consumidores. 

“Em vista desse aumento de oferta e consumo de pescados, a Vigilância Sanitária inicia, uma semana antes, a intensificação da fiscalização dos mercados e supermercados que vendem pescado. Nós trabalhamos exatamente para fazer com que o consumidor adquira produtos com qualidade, então fazemos inspeções nos serviços que vendem o peixe, até com um caráter educativo. Se encontrarmos algum alimento que apresenta características impróprias para o consumo, procedemos com a inutilização daquele produto”, afirmou a gerente.

Dicas
De acordo com Daniele, as melhores formas de garantir um peixe de qualidade é se certificando de que ele cheire de forma habitual, tenha os olhos salientes, brilhosos e transparentes, possua a descamação colada na carne e que sejam brilhosas, tenha uma carne firme e que não possua manchas escuras ou manchas escuras e/ou amareladas.

Para os camarões, eles devem apresentar a cabeça e a carapaça ligados ao corpo de maneira firme, além de também apresentarem a curvatura original desses animais e não possuírem manchas. 

Além disso, para peixes, camarão e demais frutos do mar, o local de armazenamento deve manter os pescados congelados em temperaturas baixas, para que eles não descongelem. O consumidor, ao comprá-los, também precisa tomar esse mesmo cuidado, como indica Daniele:

“Se o peixe for congelado ele tem que estar no freezer, não pode estar amolecido. Muitas vezes o consumidor compra o peixe na temperatura adequada, mas o coloca na mala do carro, por exemplo, viaja sem a temperatura adequada e quando chega no destino, o peixe não está bom. O tempo que o peixe vai passar sem refrigeração pode comprometer a qualidade do pescado.”

Dentro do Mercado São José, a vendedora de peixes Ruth de Miranda, de 67 anos, dos quais 58 foram trabalhando no negócio, afirma que os melhores tipos de peixe são os de “pescada amarela” porque “é muito difícil eles estarem estragados”. 

A comerciante Tatiely Freitas também deu dicas de como se certificar de que os peixes comprados são de qualidade. Ela explica que “pela baba que o peixe solta, a guelra vermelha e a retina dos olhos bem brilhosa, sem estar fundo” é possível identificar que aquele pescado é novo e próprio para consumo. 

Compradores
No mercado, as pessoas que foram comprar os peixes também se dizem atentos à qualidade dos pescados escolhidos. O pintor de 60 anos, Jorge Joaquim contou que visitou várias lojas e escolheu onde identificou a melhor qualidade.

“Em alguns lugares pareciam que tinham guardado da semana santa passada para essa, mas eu achei um lugar melhor. A qualidade é uma necessidade, quanto melhor o peixe, melhor para a nossa saúde. Faço questão de andar, procurar e demorar mais um pouquinho, mas achar uma coisa boa”, explicou Jorge. 

Para José Humberto, de 48 anos, a necessidade de achar um local de qualidade e confiável para comprar os pescados é de grande importância. “Eu venho aqui de quando em quando e quando chega a páscoa, eu diversifico a quantidade de peixes e sempre me direciono a esse lugar porque confio no trabalho e sempre encontro peixes de boa qualidade. É essencial para a saúde, eu me sinto mais confortável e seguro. Procurar um peixeiro que venda pescados de qualidade, com saúde, novo, isso traz segurança e nos anima a sempre optar pelo peixe na alimentação”, afirmou. 

Ao se deparar com um local sem as devidas higiene e cuidados necessários com os pescados, a gerente da Vigilância Sanitária reafirmou a importância de denunciar através da ouvidoria de saúde do Recife, pelo número 0800 281 1520. 

Síndrome de Haff

Com a chegada da Semana Santa, muitas pessoas inserem o peixe como item principal do cardápio. Diferentemente do ano passado, em que a tradição sofreu algumas consequências devido aos casos da Síndrome de Haff, conhecida como urina da doença preta e atrelada à ingestão de peixes com toxinas, este ano a população está com menos receio de consumir o pescado, afinal, não foram registrados casos graves da doença em Pernambuco.

Mesmo assim, como orienta o médico infectologista Rafael dos Anjos, é preciso estar atento aos cuidados com a compra e preparo do alimento, para evitar essa e outras doenças. “Devemos sempre buscar o conhecimento do que consumimos para saber a real possibilidade de estar diante do risco do desenvolvimento dessa doença como também de outras, em especial as infecciosas”, disse.

A síndrome causa dores e lesões musculares e pode surgir a partir do consumo de pescados que não foram bem acondicionados. “A Síndrome de Haff é uma síndrome conhecida pela lesão muscular, processo conhecido como rabdomiólise, o que provoca o sintoma característico de urina escura, a famosa doença da urina preta, além disso o paciente apresenta intensas dores musculares. Isso ocorre devido a toxinas que podem estar presentes em alguns tipos de peixes, como Arabaiana, Tambaqui, Pacu-Manteiga e Pirapitinga. Essas toxinas nos referem que o peixe não foi acondicionado de maneira adequada ou foi tratado de modo errado. Por isso, a dica é atentar para como é feito o tratamento inicial, armazenamento e transporte dos peixes que consumimos”, destacou.

Como explica o infectologista, grandes variações na temperatura ambiente, oscilando entre fio e quente e refletindo uma má conservação do alimento,  podem facilitar a liberação dessas toxinas. “O que é interessante e aumenta nosso risco de aquisição da doença é que a presença dessas toxinas nos peixes não altera a visualização ou o sabor do alimento. Os cuidados básicos e o conhecimento de todo processo do pescado até a mesa de nossas casas é importante para prevenir essa doença”, finalizou.