EUA alerta China sobre posição diante da Rússia
A Secretária do Tesouro dos Estados Unidos alertou aos países "em cima do muro" que tais políticas "são míopes"
A Secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, alertou a China, nesta quarta-feira (13), que a falta de participação do país na campanha de sanções do Ocidente contra a Rússia pode afetar a disposição dos países em cooperar com Pequim.
Washington e seus aliados na Europa e no resto do mundo responderam com fúria o ataque de Moscou contra a Ucrânia, sancionando o sistema financeiro, o de aviação e outros setores importantes da economia russa em um esforço, até agora infrutífero, de fazer o presidente Vladimir Putin recuar.
"A China recentemente confirmou a sua relação especial com a Rússia. Eu espero fervorosamente que a China faça algo de positivo dessa relação e ajude a terminar essa guerra", disse Yellen no Atlantic Council.
"A atitude do mundo com a China e a sua disposição para uma maior integração econômica podem ser afetadas pela reação chinesa ao nosso chamado por uma ação enérgica contra a Rússia".
A China e a Índia são as duas maiores economias que não tomaram partido nas medidas de retaliação e Yellen disse que a política de Pequim pode ter implicações duradouras para o país que está almejando disputas territoriais contra vizinhos.
"A China não pode esperar que a comunidade global respeite os seus apelos aos princípios de soberania e integração territorial no futuro se não respeita esses princípios agora que é importante", disse, em referência às reivindicações da China especialmente sobre Taiwan.
Em cima do muro
Yellen também falou aos países que "estão atualmente em cima do muro" quando se trata de Moscou, "talvez vendo a oportunidade de ganhar preservando a relação com a Rússia e preenchendo o vazio deixado por outros".
Ela advertiu, porém, que tais políticas "são míopes", acrescentando: "O futuro da nossa ordem internacional, tanto para a proteção da paz e para a prosperidade econômica", está em jogo.
"A coalizão unificada de países sancionadores não vai ficar indiferente a ações que comprometam as sanções que nós implementamos" , disse Yellen.
Com o Banco Mundial e o FMI prestes a iniciar as reuniões de primavera na próxima semana, Yellen também pediu por reformas nas duas maiores instituições econômicas, dizendo que a guerra na Ucrânia provou a necessidade de mudanças.
"Nós vamos precisar modernizar nossas instituições existentes - o FMI e os bancos multilaterais de desenvolvimento - para que estejam prontos para o século XXI onde desafios e riscos são cada vez mais globais", comentou.
"Muitos podem dizer que agora não é o momento correto para pensar grande. De fato, nós estamos no meio de uma guerra da Rússia na Ucrânia", pontuou Yellen. "Ainda assim, vejo esse como o momento certo para trabalhar para corrigir as lacunas no nosso sistema financeiro internacional que nós estamos testemunhando em tempo real".
Ela refletiu ainda sobre o massivo colapso econômico que a pandemia de covid-19 causou em 2020, dizendo que enquanto as nações ricas foram capazes de gastar para apoiar suas economias, esforços para ajudar os países pobres foram menos bem-sucedidos, causando "uma divergência nas prospecções globais".
Yellen disse que a governança do FMI deve ser considerada "a fim de assegurar que reflita simultaneamente a economia global e também as obrigações dos membros com os princípios e objetivos subjacentes (ao credor)".