PTB veta sonho de Queiroz se candidatar à Câmara e oferece vaga à Alerj
Segundo integrantes do PTB, o veto de Queiroz para a Câmara só será derrubado caso membros do clã Bolsonaro se comprometam a apresentá-lo como candidato da família
Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL), Fabrício Queiroz não tem convite para se candidatar à Câmara dos Deputados. Filiado ao PTB, ele recebeu do presidente do partido, Marcus Vinicius Oliveira, o chamado para tentar uma vaga à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), onde o sucesso na empreitada é considerado mais provável.
De acordo com pessoas ligadas ao PTB, o veto ao nome de Queiroz para a Câmara só será derrubado, caso membros do clã Bolsonaro se comprometam a apresentá-lo como candidato da família, catapultando suas chances de eleição.
Apontado como operador em um esquema de rachadinhas no gabinete de Flávio, quando este era deputado estadual, Queiroz terá que se contentar com a campanha a uma cadeira no local onde a prática criminosa teria ocorrido. Procurado, o presidente do partido diz que a possível candidatura de Queiroz à Câmara nunca foi debatida internamente.
- Eu e Queiroz só estivemos juntos uma vez na vida e o convidei para concorrer a deputado estadual. Todo resto é o que ele fala por aí, que quer ser deputado federal. Acontece que, até este momento, não existe esse convite, isso sequer é assunto por aqui - diz Marcus Vinicius.
O nome de Queiroz nunca foi unanimidade no partido, já que a Executiva nacional da legenda entendia que o nome dele poderia trazer uma avaliação negativa para a nominata. No entanto, o nome agrada o ex-presidente nacional, Roberto Jefferson, que o endossou.
Ao Globo, uma fonte ligada ao partido informou que o diretório regional do PTB espera eleger ao menos 70 deputados federais e 100 estaduais pelo Brasil. Queiroz poderia pulverizar esses votos, caso entrasse na disputa para a Câmara. "Ele acha que terá nessas eleições, o apoio da família Bolsonaro que o Hélio Lopes teve em 2018 e que já está eleito, mas não há nenhum aceno desse apoio", afirmou.
Segundo promotores, Queiroz seria o operador do esquema de rachadinha e fazia pagamentos das contas pessoais de Flávio e da família dele. O senador usava uma loja de chocolates para receber os recursos e depois os retirava como se fosse lucro. Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicou saques e depósitos na conta de Queiroz entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017 que somam R$ 1,2 milhão.
Os deputados bolsonaristas do Rio se dispersam por até quatro partidos. PL, PTB, PP e MDB são apontados como destinos dos cerca de 20 parlamentares federais e estaduais, quase todos eleitos pelo PSL em 2018, que apostam em reeditar campanhas alinhadas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) para buscar mais quatro anos de mandato.
No geral, pelo menos 40 deputados federais e estaduais do Rio devem se movimentar durante a janela, que permite a migração de sigla sem perda de mandato até o dia 1º de abril. O União Brasil, partido criado pela fusão entre DEM e PSL, deve perder 15 parlamentares fluminenses nesta janela, e pretende filiar outros seis candidatos à recondução no Legislativo.
O PL, que filiou Bolsonaro em novembro, será o principal destino da bancada bolsonarista no estado. A previsão é que o partido receba ao menos sete dos 12 deputados federais apoiadores do presidente hoje no União Brasil, e outros sete estaduais.
Há nomes ligados à militância bolsonarista, contudo, que tomarão outros rumos. O deputado federal Daniel Silveira, por exemplo, que chegou a ser preso em 2021 por ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), optou por filiar-se ao PTB e avalia uma possível candidatura ao Senado. À época de sua prisão, em votação no plenário da Câmara, o PL orientou a favor de referendar a decisão do STF. Já o PTB orientou contrariamente à prisão.