Eleições

Doria substitui presidente do PSDB na coordenação da campanha

No Twitter, Bruno Araújo, retirado do cargo, desabafa: "Ufa! Comando que nunca fiz questão de exercer"

Leon Rodrigues/PMSP

A equipe do pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB João Doria comunicou nesta quinta-feira (14) a substituição de Bruno Araújo do posto de coordenador-geral da campanha pelo presidente-geral do partido em São Paulo Marco Vinholi.

O comunicado atribui a troca a manifestações feitas pelo líder tucano durante entrevistas e encontros empresariais. Afirma que ele "relativizou" a candidatura de Doria, "que venceu democraticamente" as prévias do partido em novembro. A postura foi considerada "pouco agregadora" e teria motivado a substituição.

"Ufa! Comando que nunca fiz questão de exercer. Aliás, ele sabe as circunstâncias em que e o porque 'aceitei' à época. Aliás, objetivo cumprido!", disse Araújo no twitter, após o anúncio de Doria.

Na última segunda-feira, Araújo participou de encontro com empresários na casa de João Camargo, presidente do Grupo Espera, em São Paulo.

Na reunião, segundo participantes, afirmou que o pacto entre os partidos de centro para a escolha de uma candidatura única é “maior” do que as prévias tucanas.

Ele teria deixado claro que a tendência do PSDB seria indicar o ex-governador do Rio Grande do Sul para vice de Simone Tebet (MDB), no acordo de terceira via que envolve ainda Cidadania e União Brasil.  

No fim de março, Doria ameaçou desistir de disputar a Presidência e permanecer à frente do governo de São Paulo, o que abriria uma crise com o então vice-governador Rodrigo Garcia. No mesmo dia, Doria voltou atrás.

Em meio à crise, Araújo informou em carta que o PSDB respeitaria o resultado das prévias realizadas em 2021, que escolheu Doria como o candidato da sigla.

Um dia depois, porém, o presidente do PSDB disse que o nome do ex-governador de São Paulo poderia ser retirado em favor de outro com mais condições de disputar o Planalto. Afirmou ainda que a carta endossando a candidatura de Doria foi feita para "garantir estabilidade interna" no partido.

Em seu blog, a jornalista Julia Dualibi informou que Araújo teria dito, segundo os participantes, que Doria fez uma "chantagem" com ele e que, por isso, teve de divulgar a carta em que se comprometeu a apoiá-lo como candidato pela sigla. Sem a carta, Doria não renunciaria e a candidatura de Rodrigo Garcia (PSDB) em São Paulo fracassaria. "Enquadra a carta e põe na cabeceira dele", teria dito o tucano.

No comunicado, a campanha de Doria afirma que Vinholi "desempenhou papel fundamental" no fortalecimento do PSDB em São Paulo e é considerado um "hábil articulador político" por sua capacidade de diálogo.