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Irã vê acordo sobre programa nuclear distante, EUA mostra firmeza

EUA se mostra distante de concordar com a retirada da Força Quds de sua lista negra

Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, na cerimônia do dia do ecercíto, em Teerã - IRANIAN PRESIDENCY / AFP

Os Estados Unidos aparentemente fecharam as portas nesta segunda-feira (18) para uma exigência fundamental do Irã para salvar seu acordo nuclear. Teerã considera cada vez mais distante a possibilidade de chegar a um consenso sobre seu programa atômico e acusou Washington de ser responsável pelo atraso nas negociações.

Para chegar a um entendimento em Viena, os iranianos reivindicam que Washington retire de sua lista de "organizações terroristas" a Força Quds dos Guardiães da Revolução, o grupo de elite do exército do Irã.

Mas o governo americanos pareceu confirmar a ideia de que a retirada da Força Quds da lista negra não estava prevista nos termos atuais.

"Se o Irã quer o levantamento de sanções além do previsto pelo JCPOA, deve responder às nossas preocupações além do JCPOA", declarou o porta-voz da diplomacia americana, Ned Price, que sustentou que, nesse caso, Teerã deve "negociar sobre esses assuntos com boa fé e reciprocidade".

"Os iranianos conhecem nossas posições sobre as diferentes questões", disse ele.

Segundo o diplomata, "não é certo" que um compromisso sobre a questão nuclear "ainda seja possível", acrescentou, antes de especificar que Washington está se preparando para todos os "cenários" possíveis.

Um pessimismo que também se ouve do lado iraniano.

"Há mais de um tema pendente entre Irã e Estados Unidos. As mensagens transmitidas a (negociador europeu Enrique) Mora nestas últimas semanas, antes e depois de sua visita a Teerã, estão longe de representar soluções que permitam falar em um acordo", declarou o porta-voz do Ministério iraniano das Relações Exteriores, Said Khatibzadeh.

"Os Estados Unidos são responsáveis por esses atrasos, já que demoram a dar uma resposta" que seria conveniente para o Irã, acrescentou o porta-voz.

Em Viena, as negociações acontecem entre Irã, de um lado, e França, Alemanha, Reino Unido, Rússia e China, de outro. Os Estados Unidos participam de forma indireta, com mediação da União Europeia (UE).

A retirada de Washington do acordo em 2018 e a reimposição de sanções à República Islâmica fizeram com que o Irã deixasse de honrar progressivamente seus próprios compromissos.

O objetivo das negociações de Viena é o retorno dos Estados Unidos ao acordo de 2015 e a suspensão das sanções reimpostas a Teerã, unilateralmente, durante o governo de Donald Trump, e que, ao mesmo tempo, o Irã volte a cumprir os compromissos então estabelecidos.