RÚSSIA

Putin obriga empresas russas a saírem de Bolsas de Valores do exterior

Companhias terão dez dias para retirarem suas ações desses mercados,

Presidente russo, Vladimir Putin - Andrey Gorshkov / Sputnik / AFP

Sofrendo ou não sanções dos países ocidentais, os magnatas russos agora enfrentam um novo golpe. Em sua própria casa. O presidente russo, Vladimir Putin, baixou um decreto que exige que as empresas do país saiam de Bolsas de Valores do exterior.

Muitos magnatas, como Vladimir Potanin, o homem mais rico da Rússia, ou os bilionários do aço Vladimir Lisin e Alexey Mordashov, recebem dividendos pagos em moedas estrangeiras por ações de suas empresas listadas no exterior.

Agora, eles terão que reconfigurar a estrutura acionária de suas empresas.

— Os acionistas dessas empresas listadas no exterior ganharam muito com as liberdades financeiras e os laços econômicos com o Ocidente — afirma Anton Zatolokin, chefe de pesquisa da Otkritie Broker.—  Agora, um legado que levou 30 anos para ser construído terá que ser desfeito, ocm impactos imediatos.

E os acionistas estrangeiros dessas empresas terão que se contentar a trocar seus papéis por ações que serão registradas como contas de não-residentes na Rússia. Desde a invasão da Ucrânia, o governo russo adotou controles de capitais que impedem estrangeiros de venderem ativos russos. Assim, esses acionistas não conseguirão repatriar esses recursos e reaver seus investimentos.

As sanções internacionais que se seguiram à guerra da Ucrânia atingiram magnatas, bancos e até as reservas estrangeiras do país, enquanto transformavam as empresas listadas do país em ações de um centavo em questão de dias.

O decreto foi assinado por Putin no último dia 16 e dá 10 dias para as empresas russas retirarem suas ações de Bolsas estrangeiras.

Após o fim da antiga União Soviética, grandes conglomerados russos foram às Bolsas de Nova York, Londres e Frankfurt captarem recursos. Em 2007, as ofertas públicas iniciais (IPOs) da Rússia no exterior chegaram a um pico de US$ 17 bilhões em recursos levantados.

Mas, desde a anexação da Crimeia, o movimento perdeu fôlego, diante do temor de que sanções do Ocidente prejudicassem os negócios. Desde 2014, foram só US$ 6 bilhões em novas emissões russas no exterior.

Poucas coisas no fim dos anos 1990 e 2000 mostraram a crescente influência econômica e integração financeira global da Rússia melhor do que as maiores empresas do país, como MMC Norilsk Nickel PJSC e Lukoil PJSC, registrando programas de recibos de depósito (DRs) em Nova York, Londres e Frankfurt.

De um pico de US$ 17 bilhões somente em 2007, as ofertas públicas iniciais (IPOs) da Rússia no exterior vacilaram nos últimos anos, mostram dados compilados pela Bloomberg. Essas listagens arrecadaram apenas US$ 6 bilhões no total desde a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, quando as sanções internacionais mostraram como as empresas estavam vulneráveis nos mercados estrangeiros à medida que a geopolítica piorava.

Alguns magnatas aproveitaram a queda no preço das ações de suas empresas para aumentar suas posições. O presidente da Lukoil, Vagit Alekperov, comprou regularmente recibos de depósito do mercado ao longo dos anos, mostram os cálculos da Bloomberg.

Desde a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, o comércio de certificados de depósito de empresas russas foi congelado por bolsas estrangeiras.

De acordo com as emendas assinadas por Putin, a negociação de certificados de depósito em câmbio deve ser interrompida 10 dias após a publicação do projeto. Ao mesmo tempo, as leis permitem exclusões especiais se as empresas solicitarem permissão para continuar negociando.

Ccom a lei alterada, os detentores estrangeiros dos certificados de depósito cancelados receberiam ações ordinárias que são colocadas em contas de não residentes na Rússia. Desde a invasão, os controles de capital proíbem os estrangeiros de vender títulos russos, impossibilitando por enquanto a venda das ações ordinárias e a repatriação dos lucros.