Netflix perde 200 mil assinantes e planeja assinatura mais barata com publicidade
Ações da empresa caíram mais de 25%. Plataforma se mantém na liderança do streaming, mas estaria planejando ir contra a regra de não exibir propaganda
No início da temporada de resultados financeiros das empresas nos EUA, a Netflix divulgou na tarde desta terça-feira o balanço do último trimestre, que revelou uma perda de 200 mil assinantes da plataforma.
É a primeira vez em uma década que a plataforma de streaming apresenta redução de clientes. Ainda líder no streaming, a empresa está prestes a ir contra uma de suas principais regras: não exibir publicidade para os assinantes.
A propaganda é a saída que a empresa está planejando para recuperar a velocidade de alta nas receitas, informaram a agência Bloomberg e o The Wall Street Journal.
Segundo a Bloomberg, a Netflix pretende introduzir uma opção mais barata de assinatura, custeada com publicidade, nos próximos anos. Ainda antes disso, vai começar a reprimir o compartilhamento de assinaturas. A empresa também vai cortar custos de filmes e séries.
O cofundador Reed Hastings tem dito por anos que não queria oferecer publicidade na plataforma e que não tinha objeção ao compartilhamento de senhas. Mas após a inédita perda de assinantes no primeiro trimestre, a empresa deve mudar de curso. A empresa estava acostumada a ganhar 25 milhões de usuários ou mais por ano.
Nos últimos trimestres, o ritmo de crescimento vinha desacelerando. A empresa admitiu que está mais difícil expandir suas receitas devido a fatores como o compartilhamento de assinaturas e o aumento da competição.
As ações da empresa despencaram 26% no mercado de capitais americano após o anúncio. A companhia ainda assim se mantém como a de maior número de clientes entre as concorrentes do streaming. São 222 milhões de assinantes em 190 países.
A previsão da companhia de uma perda da ordem de dois milhões de assinantes no segundo semestre deve levar analistas a repensar suas previsões para toda a indústria do streaming.
A Netflix reportou um lucro de US$ 1,6 bilhão em vendas e receita de US$ 7,8 bilhões neste período, o que representa um aumento de 10% na arrecadação em comparação com os três primeiros meses de 2021.
Em carta aos acionistas, a Netflix atribuiu a perda de assinantes a quatro fatores: desaceleração na adoção de banda larga e TVs inteligentes; compartilhamento de senhas entre residências, que a empresa acredita ser responsável por mais de 100 milhões de espectadores não pagantes; aumento da concorrência de TV a cabo e de transmissão tradicional e outros serviços de streaming emergentes; e fatores macroeconômicos como o aumento da inflação e a invasão da Ucrânia pela Rússia, à empresa a cancelar os serviços no país de Putin.
Segundo o jornal The Wall Street Journal, a Netflix estuda criar um modelo de assinaturas mais baratas com a exibição de publicidade juntamente com o conteúdo.
As ações da Netflix têm sofrido ultimamente, acumulando agora uma queda de 42% neste ano. As perdas superam em muito as perdas de 13% do índice Nasdaq 100, que reúne empresas de tecnologia, no período. Entre as empresas que compõem o índice, a Netflix tem a terceira pior performance do ano.
Com os números da Netflix, as ações de outras empresas de streaming também foram afetadas no mercado acionário americano, com o temor dos investidores de que a reabertura da economia e o fim das restrições à circulação de pessoas seja prejudicial para as empresas do setor.
As ações da Disney caíram 5,3% enquanto as das plataformas Roku e fuboTV recuaram 5,4%. A Netflix especificamente havia recebido um forte impulso com a demanda por lazer em casa provocada pela pandemia, mas agora está revertendo os ganhos na medida em que as pessoas saem de casa e a competição aumenta.
Outras companhias de mídia como Warner Bros. Discovery, Paramount Global e Spotify Technology também tiveram perdas no valor de mercado.