Brasil sob a égide da “curtura”
Um dos pilares de sustentação de qualquer nação civilizada está alicerçado na cultura do país, representando o conjunto de experiências e tradições que colecionou ao longo dos anos, às vezes por séculos, nos campos político, econômico, social, das artes em suas múltiplas manifestações, representando a ancestralidade racial, sua evolução, os problemas, as virtudes, tempos de guerra e de paz, de dúvidas e inquietações. Enfim, sentimentos tangíveis e intangíveis que só a cultura pode traduzir.
Não saber interpretar ou desconhecer a importância da cultura desqualifica qualquer cidadão, com destaque para os chamados líderes de qualquer grupo ou nação que, eivados de ignorância, procuram sobressair-se mais pelo poder destrutivo das canetas ou armas de que são, ou estão dotados, do que pelo bom senso, ética e educação elementar, que a moldura cultural lhes poderia conferir.
Para esses menores, a cultura aparece como inimigo mortal, capaz de denunciar sua mediocridade, que sem tempo ou “saco” para enfrentá-la, no jargão dos chulos e obtusos, preferem destruí-la por ser mais simples e fácil à crença que alimentam.
A ausência de autocrítica no reconhecimento de suas limitações, exibem sem dó nem piedade ao vexame, ao ridículo, os que mal falam, mal ouvem, mal veem, pobres coitados, capazes de tudo, ora por desinformação, ora por paranoica subserviência desmedida, preferindo interagir consigo mesmo do que se submeterem à crítica dos que o cercam como paus mandados.
O desprezo para com a cultura extrapola nossas fronteiras e nos expõe ao ridículo internacional, ou até pior, a perigosos riscos políticos, econômicos e diplomáticos, potencializando nossas carências em todos os ângulos da interação global.
A despeito de tudo isso, o processo democrático que a trancos e barrancos ainda sobrevive, resta como nossa derradeira esperança, embora tenhamos absoluta certeza de que os mal feitos em grande parte reincidentes, como filmes que já assistimos, levarão muito tempo para serem exorcizados. Cada detalhe, gesto ou palavras que acontecem em minutos, podem levar anos para serem neutralizados nos seus malignos efeitos. Como exemplo, a guerra na Ucrânia, que ao nosso ver só “oferece oportunidade” ao demônio e seus fieis seguidores, desprovidos do menor resquício de senso humanitário.
A verdade é que não estávamos preparados como vítimas ingênuas, para vivenciar tão difícil passagem da história nacional, sobressaltos permanentes, como um bombardeio de aberrações nestes tempos de guerra, a apoteose da ignorância, aguardando um milagre para nos salvar de coisa ainda pior que pode estar a caminho.
De qualquer forma, vale lembrar, como diz o ditado, “tem males que vêm para o bem.” Somos todos “gatos escaldados, com medo até de água fria”. Sendo assim, na véspera de mais um processo de escolha para definição do porvir, não podemos e não devemos errar outra vez, esse inicio do século XXI, que não apenas incorporou no Brasil as mazelas do mundo, com guerras agressões absurdas que receberam nossa solidariedade, e pandemia de última geração. Foi também capaz de potencializá-los. Tudo já está devidamente catalogado, registrado em textos, filmes e fotos, como um alerta para o futuro.
Infelizmente o Brasil de 2022 passa para a história sob a égide da “curtura”. Deus nos acuda!
*Consultor de empresa
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