ONU acusa exército russo de ações que poderiam constituir crimes de guerra na Ucrânia
Alta comissária da ONU para os Direitos Humanos afirmou que "o direito humanitário internacional não apenas foi ignorado, mas foi jogado ao mar".
A ONU acusou nesta sexta-feira (22) o exército russo de ações que "poderiam constituir crimes de guerra" na Ucrânia após a invasão de 24 de fevereiro, incluindo bombardeios indiscriminados que provocaram as mortes de civis e a destruição de escolas e hospitais.
"As Forças Armadas russas bombardearam de maneira indiscriminada zonas residenciais, mataram civis e destruíram hospitais, escolas e outras infraestruturas civis, em ações que poderiam constituir crimes de guerra", declarou Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que tem sede em Genebra.
"Corresponde a um tribunal determinar concretamente se isto aconteceu, mas cada vez há mais evidências de que foram cometidos crimes de guerra", completou a porta-voz.
Em um comunicado divulgado de modo paralelo, Michelle Bachelet, alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, afirmou que "durante as últimas oito semanas, o direito humanitário internacional não apenas foi ignorado, mas foi jogado ao mar".
"O que observamos em Kramatorsk (leste da Ucrânia) em 8 de abril, quando a estação de trem foi atacada com munições de fragmentação e 60 civis morreram e outros 111 ficaram feridos, é emblemático da incapacidade de respeitar o princípio da distinção (entre civis e militares), a proibição de perpetrar ataques indiscriminados e o princípio da precaução, que é parte do direito humanitário internacional", destacou Bachelet, em uma acusação indireta à Rússia.
Shamdasani não descartou que o lado ucraniano também tenha violado o direito humanitário, mas a "maioria das violações, de longe, é atribuída às forças russas".
A porta-voz disse que 92,3% das vítimas que as equipes do Alto Comissariado conseguiram documentar "são atribuídas às forças russas, assim como as acusações de assassinato e de execuções sumárias".
"Durante uma missão em Bucha, em 9 de abril, os investigadores de direitos humanos da ONU documentaram os assassinatos, alguns deles execuções sumárias, de 50 civis na cidade de Bucha", perto de Kiev.