MUNDO

Israel manterá staus quo da Esplanada das Mesquitas

Atual onda de violência tem origem nos distúrbios do fim de semana na Esplanada das Mesquitas - AZEM BADER / AFP

Israel "mantém" o status quo da Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, segundo o qual os muçulmanos podem orar nesse lugar santo, mas os fiéis de outras religiões não, declarou o chefe da diplomacia israelense, Yair Lapid, neste domingo (24). 

"Israel mantém o status quo e não o mudará", disse Yair Lapid à imprensa estrangeira após dias de violência na Esplanada das Mesquitas, terceiro lugar santo do Islã e o lugar mais sagrado do Judaísmo, sob o nome de "Monte do Templo". 

Em meados de abril, palestinos entraram em confronto com as forças israelenses na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém Oriental, a parte palestina ocupada por Israel, o que faz temer uma nova escalada de violência. 

Esses enfrentamentos aconteceram após atentados mortíferos em Israel, dois dos quais foram perpetrados por palestinos, seguidos de operações por parte do exército de Israel na Cisjordânia ocupada. 

Na sexta-feira (22), mais de 50 palestinos ficaram feridos em confrontos com a polícia israelense, que disse ter intervindo depois que jovens "desordeiros" lançaram pedras da Esplanada em direção ao Muro das Lamentações.

A Esplanada das Mesquitas está localizada na parte oriental de Jerusalém, palestina, ocupada por Israel desde 1967. O lugar sagrado é administrado pela Jordânia, mas seu acesso é controlado por Israel. 

O presidente egípcio Abdel Fatah al-Sisi, o rei Abdullah II da Jordânia e o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohamed bin Zayed Al Nahayan, exigiram neste domingo durante uma reunião no Cairo que "continuem os esforços para restaurar a calma em Jerusalém e preservar as 'status quo' legal e histórico" do lugar. 

Os três líderes instaram Israel a "cessar as medidas que minam a solução de dois Estados" (um israelense e um palestino).

Nos últimos anos, o número de judeus que vão à Esplanada tem aumentado e na, semana passada, alcançou o recorde de 3.800 em ocasião do Pésaj, segundo o organismo israelense que gere as visitas. E, apesar dos não muçulmanos terem sido proibidos de rezar ali, muitos judeus têm sido vistos orando às escondidas. 

As tensões na Esplanada das Mesquitas "são motivadas por preocupações sobre o acesso dos judeus a esse espaço e se podem rezar ali", explicou à AFP Ofer Zalzberg, especialista no conflito israelo-palestino.

Vários palestinos disseram à AFP que temem que acabe ocorrendo com a Esplanada o que ocorreu com a Mesquita de Ibrahim, denominada "Tumba dos patriarcas" pelos judeus, em Hebron (Cisjordânia ocupada).

O templo, que esteve sob controle muçulmano durante séculos, foi dividido e agora conta com uma parte acessível para os judeus e outra para os muçulmanos, após um ataque cometido ali em 1994 por um extremista judeu que matou 29 muçulmanos.

"Há mensagens nas redes sociais palestinas que dizem que o governo israelense decidiu dividir a Esplanada (de Jerusalém) , mas não é verdade. Mas o medo existe e deve ser levado a sério, porque leva as pessoas a agirem", comentou Zalzberg.

Israel "não tem nenhuma intenção de dividir (a Esplanada das Mesquitas) para as duas religiões", garantiu neste domingo Yair Lapid, acusando os movimentos islamitas palestinos do Hamas e da Jihad Islâmica de "propagar notícias falsas".