FMI alerta sobre altos riscos para crescimento da América Latina
Mesmo antes da guerra na Ucrânia, a recuperação da América Latina e do Caribe "já estava perdendo ímpeto"
A economia da América Latina e do Caribe crescerá 2,5% em 2022, mas a guerra na Ucrânia aumentou a incerteza e fez os preços dispararem - afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI), nesta terça-feira (26), ao divulgar suas perspectivas para a região.
A guerra após a invasão russa da Ucrânia "está convulsionando a economia mundial e elevando a incerteza em torno das perspectivas para a América Latina e o Caribe", diz o FMI em uma publicação em um blog.
Embora a agência antecipe um crescimento para a região este ano - Brasil com 0,8%; México, 2%; Colômbia, 5,8%; Chile, 1,5%; Peru, 3%; e Argentina, 4%, por exemplo -, isso significa “reduções muito importantes em relação às taxas de dois dígitos do ano anterior".
Por regiões, a América do Sul crescerá 2,3% este ano e, no caso de América Central, Panamá e República Dominicana, 4,8%. Sobre o Caribe, o Fundo faz uma distinção entre as economias dependentes do turismo, duramente atingidas pela pandemia, com 3,2%, e as exportadoras de matérias-primas (Guiana, Suriname e Trinidad e Tobago), que terão melhor desempenho, com 20,2%.
Perda de força
Mesmo antes da guerra, a recuperação da América Latina e do Caribe "já estava perdendo ímpeto".
O impacto está sendo sentido agora com o aumento dos preços, que obriga os países a adotarem medidas "para amortecer o golpe sobre os mais vulneráveis e conter os riscos de tensão social".
Várias nações reagiram com medidas que vão "da redução de impostos e de tarifas de importação até limites de preços, ou transferências (de benefícios) sociais".
Cerca de 40% dos países adotaram novas medidas, sobretudo, em relação aos impostos, “com um custo fiscal médio estimado equivalente a 0,3% do Produto Interno Bruto”, destaca a publicação.
Para reduzir o risco de tensão social, os governos devem apoiar as famílias de baixa renda “e deixar os preços internos se ajustem em função dos preços internacionais”, recomenda o Fundo.
Outros riscos se aproximam, além da inflação, adverte o FMI, que cita uma possível escalada da guerra, ou o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, o que pode alimentar uma saída de capital de uma região que precisa de investimentos.
Os autores do blog - Santiago Acosta-Ormaechea, Ilan Goldfajn e Jorge Roldós - defendem a proteção de "gastos em programas sociais, saúde, educação e investimento público", enquanto "se implementam as reformas tributárias".