Itaú Cultural e Cinemateca Brasileira consolidam parceria com memórias do cinema brasileiro
Duas mostras entram em cartaz a partir desta sexta-feira (29) na plataforma Itaú Cultural Play
Os idos tempos do cinema mudo, assim como produções realizadas para a extinta TV Tupi nos anos de 1950 integram as mostras que ganham exibição a partir desta sexta-feira (29) na plataforma de streaming Itaú Cultural Play (www.itauculturalplay.com.br) , consolidando a parceria recém firmada da instituição com a Cinemateca Brasileira.
No total serão exibidos 13 filmes integrantes da memória do cinema brasileiro, a Cinemateca, que abriga mais de 40 mil títulos além de um vasto acervo documental de pelo menos 120 anos de produção audiovisual nacional.
As mostras, “O Cinema Sempre foi Colorido”, traz seis produções do cinema mudo brasileiro, colorizadas por técnicas que vão de pintura à mão ao estêncil e tingimento. Já em “Veja o Brasil”, serão sete filmes curtos realizados pelo pesquisador Alceu Maynard de Araújo para a extinta TV Tupi, nos anos de 1950.
Para Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, “Não há o novo e novas fronteiras sem a memória”. “Ela nos dá repertório e referência para avançarmos. Portanto preservar a cultura e seu legado é garantir o futuro identitário e diverso que desejamos”, ressalta.
Sobre as Mostras
Entre os títulos da Mostra “O Cinema Sempre foi Colorido”, que traz a mescla do charme do cinema silencioso e o encanto da cor, sob a direção de importantes pioneiros da filmografia brasileira, está o pernambucano “Veneza Americana’” (1925), de Ugo Falangola e J. Cambiéri.
A dupla entrou para a história do cinema nacional ao fundar uma das primeiras companhias produtoras de Pernambuco. O filme, um documentário, traz a beleza plástica em seus letreiros e imagens colorizadas.
Na narrativa, o Porto do Recife e suas obras de reparação nos anos 1920 são a principal inspiração, junto a figurões da política local na época, a exemplo do governador Sérgio Loreto. A modernidade da chamada Veneza americana é também captada por meio do registro de construções viárias e automóveis.
Também são destaques na Mostra “Braza Dormida” (1928), de Humberto Mauro; “Exemplo Regenerador” (1919), comédia de José Medina em 1919; “Brasil Pitoresco: as viagens de Cornelio Pires” (1925), dirigido pelo próprio viajante; “Ouro Fino” (1926), documentário de Bruno Guidi e “Companhia Docas de Santos”, documentário de 1928 cuja direção não foi identificada.
Já a Mostra “Veja o Brasil” é composta por filmes do programa de Restauro Cinemateca Brasileira – Petrobras, edição 2007. O recorte, de produções realizadas pelo pesquisador Alceu Maynard de Araújo para a extinta TV Tupi, foram produzidos na década de 1950 e a preocupação era retratar e preservar muitas das tradições populares brasileiras, além de conformar um retrato de época do ponto de vista econômico e social.
Os filmes contemplam diferentes aspectos da sociedade brasileira da época e resgatam elementos da vida material, social e comportamental dos brasileiros.
São todos sonoros e de curta duração, entre 3 e 10 minutos. São eles: “Petróleo, Sondas e Refinarias, Manaus – Rubens Ferreira”, “Arte Popular”, “Bahia de Dona Janaína”, “Casa de Farinha”, “Noite de São João” e “Crepúsculo de Tupã”.
Festival É Tudo Verdade
No mesmo dia, na plataforma Itaú Cultural Play, será disponibilizada mais uma série de curtas-metragens vencedores do Festival É Tudo Verdade, entre 2011 e 2020.
São elas: “A Poeira e o Vento”, realizado por Marcos Pimentel, e “Ser tão Cinzento”, de Henrique Dantas, ambos de 2011; “Borscht, uma Receita Russa”, de Marina Quintanilha e “Pátio”, de Aly Muritiba, ambos de 2013; “Cordilheira de Amora I”I, de Jamille Fortunato, de 2015; “Abissal”, dirigido por Arthur Leite em 2016, “Boca de Fogo” de Luciano Pérez Fernández, de 2017, que também teve “Nome de Batismo – Alice”, de Tila Chitunda.
Cinemateca
Maior acervo de filmes da América do Sul e integrante da Federação Internacional de Arquivo de Filmes (FIAF), a Cinemateca data de 1946 com o segundo Clube de Cinema de São Paulo. Em 1949 passa à Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, e em 1956 torna-se Cinemateca Brasileira.
Idealizada pelo conservador-chefe e então diretor Paulo Emílio Sales Gomes – para quem o site do Itaú Cultural presta homenagem com publicação sobre ele também em 29 de abril, assinada por Carlos Augusto Calil, presidente do Conselho de Administração da Cinemateca – o acervo atual da Cinemateca soma mais de 40 mil títulos e um acervo documental textual, fotográfico e iconográfico, sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional.