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Bolsonaro comemora navios russos com fertilizantes, mas importação caiu 58%

Dados da Bloomberg mostram forte queda na chegada de produto da Rússia em portos brasileiros

Jair Bolsonaro - Isac Nóbrega/PR

Apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter afirmado, na terça-feira, que 27 navios russos estão a caminho do Brasil com fertilizantes, dados da agência Bloomberg mostram uma forte queda do embarque desses insumos da Rússia. 

A programação de navios dos portos brasileiros mostra que novos volumes de fertilizante russo caíram 58% nas últimas quatro semanas, em comparação com o período anterior, segundo informações da Green Markets, braço da Bloomberg que acompanha o setor de defensivos agrícolas.

E nenhum embarque da Bielorrússia foi adicionado à programação de portos desde o final de fevereiro, segundo Marina Cavalcante, analista da Green Markets.

As quedas nas importações “podem representar um risco para o fornecimento de fertilizantes no segundo semestre do ano”, afirma Marina Cavalcante.  

A avaliação é de que o tempo está se esgotando para obter a quantidade de insumo necessário para plantar, em setembro, a safra de soja do Brasil, que historicamente é a maior do mundo. 

Tanto a Rússia quanto a Bielorrússia, que respondem por quase um terço das importações de fertilizantes do Brasil, estão sob sanções de países ocidentais por causa da invasão da Ucrânia pelos russos. 

Um impacto na safra brasileira terá repercussões globais. A soja brasileira é usada em tudo, desde óleo de cozinha a ração animal, e um déficit de fertilizantes pode resultar em uma produção menor desta oleaginosa.

O aumento dos preços da soja pode repercutir em todas as cadeias mundiais de abastecimento de alimentos e exacerbar a inflação. 

O Brasil importa mais de 85% do fertilizante que consome.

A dependência de fertilizantes é um fator chave na postura neutra de Bolsonaro em relação à guerra de Vladimir Putin contra a Ucrânia.

— Adotamos uma posição de equilíbrio nessa questão conflituosa, não sobrevivemos sem fertilizantes — disse Bolsonaro na terça-feira durante evento em Brasília.