ONU pede investigação sobre mais de 210 mortes violentas no Sudão
Os fatos mais graves aconteceram no domingo, com "201 mortos e 13 feridos", explicou o governador de Darfur Ocidental, Khamis Abkar
Pelo menos 213 pessoas foram assassinadas em quatro dias de violência em Darfur, no oeste do Sudão, segundo as autoridades desta região, fatos que levaram a ONU a pedir uma investigação "rápida" e independente".
Segundo a Coordenação Geral para os Refugiados e Desabrigados de Darfur, a violência começou na sexta-feira (22), quando combatentes de tribos árabes atacaram as aldeias Massalit, uma minoria étnica, em represália pela morte de dois de seus membros na quinta-feira.
Os atos de violência começaram na localidade de Krink, habitada majoritariamente por membros da tribo Massalit, e se estenderam até a capital do estado de Darfur Ocidental, Geneina, no centro-oeste do país.
Os fatos mais graves aconteceram no domingo, com "201 mortos e 13 feridos", explicou o governador de Darfur Ocidental, Khamis Abkar, em um vídeo divulgado na terça-feira.
Em sua mensagem, o governador acusou as forças governamentais encarregadas de proteger a cidade de Krink de "se retirar sem nenhuma justificativa" quando os combates se agravaram no domingo.
Os confrontos continuaram nesta quarta-feira (27), especialmente em Geneina, onde foram ouvidos "fortes tiros", causando pânico, segundo a ONG Coordenação Geral para Refugiados e Deslocados em Darfur, em comunicado de Adam Regal, seu porta-voz.
De Genebra, Michelle Bachelet, a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, pediu às autoridades sudanesas, em um comunicado, investigações "rápidas, imparciais e independentes sobre os ataques, e que exijam uma prestação de contas a todos os responsáveis".
De sua parte, a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou que alguns hospitais foram atacados e que morreram vários membros da equipe médica.
Algumas testemunhas acusaram a milícia janjawid de violência, uma força integrada às forças armadas do governo sudanês.
Em 2003, Darfur foi cenário de um conflito entre rebeldes de uma minoria étnica e o governo, de maioria árabe, que acabou com a vida de 300 mil pessoas e obrigou 2,5 milhões de habitantes a abandonar seus lares, segundo dados das Nações Unidas.
Depois de sair, em 2019, de 30 anos da ditadura de Omar al Bashir, o golpe de Estado do general Abdel Fattah Al Burhan, em 25 de outubro de 2021, mergulhou ainda mais o país em um mar de crise política e econômica.